O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou, nesta terça-feira (27), a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente golpista Michel Temer. O Ministério Público acusou formalmente, na segunda-feira (26), o golpista por corrupção passiva. O ex-presidente concedeu entrevista à Rádio Itatiaia.
Quanto à denúncia da PGR, Lula acredita que o melhor seria que Temer pedisse para deixar o Planalto e fossem realizadas eleições gerais ainda este ano. “O ideal seria que o próprio Temer convocasse novas eleições, ele não tem condições de governar. Agora eles sabem que fora da democracia não é possível construirmos o Brasil que a gente sonha”.
Além disso, o ex-presidente comemorou os resultados da última pesquisa Datafolha que colocou o PT como o partido preferido dos brasileiros e Lula em primeiro lugar nas intenções de voto para 2018. “Estão tentando fazer uma procura de um candidato para me enfrentar. Serei candidato e a possibilidade de ganhar as eleições é muito grande”, declarou Lula, que apareceu na pesquisa Datafolha com 30% de intenções de votos em todos os cenários.
“Só o Jornal Nacional ficou mais de 20 horas falando mal de mim e quando vai fazer a pesquisa não é o Bonner nem o Marinho que está em primeiro lugar. Isso deve dar muita dor de cabeça pra eles”, completou.
“Caso Triplex” – Questionado sobre a proximidade do juiz Sérgio Moro proferir sentença no “caso triplex“, o ex-presidente criticou a falta de provas do processo. “Todo dia provo minha inocência, agora quero que eles provem minha culpabilidade. Desafio o Ministério Público a apresentar uma prova”.
Para Lula o Brasil vive um estado policialesco, no qual a Justiça se encontra subordinada à opinião pública. “No caso da Lava Jato temos a subordinação entre MP, Polícia Federal e imprensa. Um ficou refém do outro. Então, quando um juiz vai julgar, ele faz pensando na opinião púbica quando deveriam pensar na denúncia e nos autos do processo. Aí você faz pirotecnia e não justiça”.
Ele citou como exemplo a delação do ex-diretor da OAS Léo Pinheiro, único fato que embasa a ação do MPF do Paraná. Pinheiro, frente a uma condenação e à possibilidade de reduzir a pena, mudou sua versão do depoimento após troca de advogados. “As delações precisam ser materializadas com provas, senão fica palavra contra palavra”.
Questionado pela repórter sobre a imagem do Brasil no cenário internacional, atrelada à corrupção, o ex-presidente lembrou que em seu governo o que ocorreu foi, na verdade, um fortalecimento da Polícia Federal, aumento da autonomia do Ministério Pública e a criação de órgãos importantes de controle.
“O Brasil tinha virado um protagonista internacional, participando da Celac, Mercosul, Unasul. Havia orgulho de andar por aí com o passaporte brasileiro. Isso está acabando por um golpe insensato. Aqueles que foram para rua pedir saída da Dilma agora estão com vergonha porque sabem que fizeram bobagem. Fora da democracia não é possível viver um Brasil que sonhamos.
(Portal do PT)
Foto:Ricardo Stuckert