Lula sanciona lei que recria o Mais Médicos: “Veio para ficar”

Lula: “O SUS é nosso. Só temos que aperfeiçoá-lo, melhorá-lo e valorizar os nossos profissionais" Foto: Ricardo Stuckert/PR

É oficial. O Mais Médicos está de volta, após o presidente Lula sancionar, nesta sexta-feira (14), em cerimônia no Palácio do Planalto, a lei que recria o programa, criada pelo governo federal via Medida Provisória e, mais tarde, aprovada pelo Congresso Nacional. 

Até o fim do ano, 15 mil médicos serão contratados para atuar no interior do país e nas periferias das grandes cidades. Com isso, o número de profissionais participantes mais que dobrará, chegando a 28 mil e garantindo atenção primária para cerca de 96 milhões de brasileiros.

Ao discursar na cerimônia, Lula lamentou que o programa tenha sido desmontado ao longo do governo Bolsonaro. “Quando o Alexandre Padilha (ministro da Saúde no governo Dilma) criou o Mais Médicos, eu não imaginei que alguém fosse capaz de acabar ele”, disse o presidente, para garantir adiante: “Agora, veio para ficar”.

Lula pediu que toda a sociedade defenda o Mais Médicos e o SUS, que não pertencem a nenhum governo, mas ao povo brasileiro. “O SUS é nosso. Só temos que aperfeiçoá-lo, melhorá-lo e valorizar os nossos profissionais, do porteiro ao médico, para que a saúde possa cumprir sua função de salvar vidas”, pregou.

E o Mais Médicos é uma forma de melhorar o SUS, ressaltou Lula. “Com ele, levamos, aos mais longínquos rincões deste país e à periferia abandonada, o direito de o cidadão ser atendido decentemente. Porque não basta ter o médico. É preciso que ele esteja onde as pessoas estão. O Mais Médicos é a oportunidade de levar os profissionais até o paciente, dando a ele o respeito que o ser humano precisa ter neste país.” 

Ministério voltado para o Brasil

Pouco antes de ouvir de Lula que permanecerá no cargo de ministra da Saúde pelo excelente trabalho que tem feito, Nísia Trindade divulgou alguns números sobre o novo Mais Médicos.

No primeiro edital lançado este ano, foram ofertadas 5.900 vagas, para as quais houve um recorde de 34 mil médicos inscritos. Desses primeiros selecionados, 3.600 médicos já estão em atividade em todo o Brasil e 1.300 estão no processo de acolhimento do programa.

Mais 10 mil vagas serão criadas por meio de um novo edital, que tem coparticipação com cerca de 2.600 cidades que já aderiram à iniciativa (veja mais dados no site do Ministério da Saúde). Com isso, afirmou Nísia, sua pasta espera contribuir com o desenvolvimento do país.

“Queremos um ministério voltado para o Brasil, para o seu futuro, para a superação da desigualdade e para avançarmos a um novo momento. Como tem dito o presidente Lula, a conversa precisa mudar. A conversa agora é desenvolver o Brasil, de forma sustentável, rumo a uma sociedade mais justa. E para isso vamos trabalhar juntos, fortalecendo o SUS. Viva o SUS e viva a democracia”, discursou.

Também presente no evento, o ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou uma parceria entre a sua pasta e a de Nísia para abrir novas vagas nos cursos de medicina do país. “Num passado não tão distante, só quem tinha direito de virar doutor, virar médico, virar engenheiro era filho de rico que estudava em escola particular”, lembrou Santana.

Transformação social visível

O investimento em novas vagas busca fazer com que se tornem comum histórias como a de Fabíola Dantas de Souza, jovem negra, nascida e criada no município de Serrinha (BA), e hoje uma das médicas que participam do programa. 

Formada na Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), criada no governo Dilma, Fabíola hoje atende a população de Coité (BA) e internos do sistema prisional de sua cidade natal.

“Nunca sonhei ser médica, porque, para pessoas com história parecida com a minha, a medicina sempre foi algo muito distante. Mas tive a oportunidade de estudar em uma universidade no interior e aqui estou: médica de gente com cara de gente”, celebrou.

Quem também disse ter motivos para comemorar foi Jeniffer Gomes da Silva, 23 anos, moradora de Ceilândia, região administrativa de Brasília. Segundo ela, foi graças a um atendimento do Mais Médicos que ela conseguiu descobrir que seu filho tem transtorno do espectro Autista (TEA).

“Hoje, consigo trazer uma vida melhor para meu filho, tanto na escola como na vida social. Eu acredito em cada um de vocês, médicos e outros profissionais da saúde. Vocês dão o sangue e toda a dedicação, amor e carinho a nós pacientes, que necessitamos do cuidado de vocês”, agradeceu.

Outro depoimento que evidenciou a importância do Mais Médicos veio do prefeito da capital de Roraima, Boa Vista, Arthur Machado (MDB). Segundo ele, o Mais Médicos vai permitir que o município triplique as equipes de estratégia de saúde da família. 

“O que estamos fazendo hoje mostra a força do que a boa política pode fazer: unir o poder de quem pode fazer e a capacidade de transformação, cuidando sempre das pessoas”, avaliou. 

PTNacional

 

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