O golpismo do presidente da Câmara, Arthur Lira, que criou um grupo de trabalho para discutir a implementação do semipresidencialismo no país, foi duramente criticado pelo ex-presidente Lula neste final de semana. Durante o ato de filiação de Roberto Requião ao PT, na sexta-feira (18), Lula condenou o mais novo ataque à democracia e à soberania do povo brasileiro: a transformação do presidente em uma figura decorativa, submetido ao poder de um primeiro-ministro indicado pelo Congresso Nacional.
“Vocês estão acompanhando o que está acontecendo no Congresso Nacional”, afirmou Lula. “Vi uma matéria [informando] que o presidente da Câmara criou uma comissão especial para aprovar o semipresidencialimo. Tentaram aprovar o parlamentarismo e nós, com o povo brasileiro, derrotamos eles duas vezes”, lembrou.
“Vão tentar fazer uma mudança na Constituição para tentar criar o semipresidencialismo”, explicou Lula. “Você elege um presidente, pensa que o presidente vai governar, mas quem vai governar é a Câmara, através do presidente e dos deputados, com um orçamento secreto para comprar o voto dos deputados”, denunciou. “Esse orçamento secreto é a maior vergonha que esse país já teve”, sentenciou. “Agora, só podem estar com medo da nossa volta”.
Lula falou a verdade s/ o Congresso Nacional. Os bilhões distribuídos via orçamento secreto, entrega do patrimônio público com privatizações, reformas q retiram direitos do povo e agora preparação de um novo golpe c/ semi presidencialismo. Onde está a ofensa ou desinformação?
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) March 21, 2022
“Lula falou a verdade sobre o Congresso Nacional”, declarou a presidenta Nacional do PT e deputada federal, Gleisi Hoffmann (PR), pelo Twitter. “Os bilhões distribuídos via orçamento secreto, entrega do patrimônio público com privatizações, reformas que retiram direitos do povo e agora preparação de um novo golpe com semipresidencialismo. Onde está a ofensa ou desinformação?”, questionou a petista.
“É golpe”, resumiu o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG). “Debater semipresidencialismo agora é tentar tumultuar o processo eleitoral. Um golpe contra a soberania popular. A proposta já foi rejeitada em plebiscito e querem tratar num grupo de trabalho, instância que nem existe no Regimento Interno da Câmara”, apontou Lopes, fazendo coro com a reação bancada do partido, que se manifestou em peso contra o golpismo de Lira.
“O debate sobre semipresidencialismo é a prova da intolerância da direita, bolsonarista ou não, com um possível novo governo popular”, observou a deputada federal Natália Bonavides (RN). “A prioridade do parlamento brasileiro agora deve ser combater a fome, o desemprego, a miséria e o desalento que assola a vida do povo. Lamentável”.
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