O presidente Lula viveu um momento de emoção nesta segunda-feira (11), com o gesto simbólico e de grandeza espiritual por parte do Papa Francisco, que o presenteou com um rosário do Vaticano. Mas o simbolismo do momento foi maculado pela arbitrariedade da Justiça brasileira que, com argumento tosco, impediu o assessor, amigo do Papa e consultor do Vaticano para assuntos de Justiça e Paz, Juan Grabois, de visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se encontra encarcerado na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba desde 7 de abril.
A PF alegou que Grabois foi impedido de se encontrar com ex-presidente porque não se trata de um “sacerdote consagrado”, foi o que revelou o consultor do Vaticano, em entrevista coletiva, após a tentativa de visitar o ex-presidente. “Quero declarar que me surpreende o argumento das autoridades que dialogaram comigo para explicar as suas negativas, e que essas tenham sido de natureza teológica – por eu não ser um sacerdote consagrado”, revelou, indignado, o consultor do Vaticano.
Grabois disse ainda que além do rosário, ele trouxe as palavras do Papa Francisco e as conclusões dos encontros dos movimentos sociais para dialogar com Lula. O consultor do Vaticano se mostrou preocupado com o momento político pelo qual passa o Brasil. “Considero que estamos diante de uma clara perseguição política, onde há uma evidente deterioração da democracia no Brasil, e que essa inexplicável negativa em permitir uma visita que já estava acertada, também é parte da degradação da institucionalidade não só no Brasil, mas em toda a América Latina”, observou.
“O mais importante foi poder entregar esse rosário, esse presente. Saio triste, mas tenho certeza que essa situação será esclarecida e a justiça virá”, afirmou, resignado, Juan Grabois.
Ele informou que ainda vai aguardar até terça-feira (12) uma resposta da Justiça brasileira para que possa ter um encontro com o presidente Lula. “Espero poder saber o que pensa, o que sente. Estou muito triste em não poder dialogar com uma pessoa muito querida pelo povo latino-americano”, lamentou Grabois.
Benildes Rodrigues