O ex-presidente Lula defendeu nesta terça-feira (13), em entrevista na manhã desta terça-feira (13) à rádio Cultura Foz, de Foz do Iguaçu (PR), a sua inocência no caso do tríplex do Guarujá e o direito de ser candidato à Presidência nas eleições de outubro. Lula acusou setores da mídia – especialmente a Rede Globo -, da Polícia Federal, do Ministério Público [da Lava Jato], o juiz Sérgio Moro e integrantes do Tribunal Federal da 4ª Região (TRF4), de montarem uma farsa para tirá-lo da disputa eleitoral.
“Não leram o processo, não ouviram as testemunhas. A única coisa que peço é que leiam os méritos do processo. Inventaram mentiras deslavadas com um único objetivo de me tirar da eleição”, reiterou Lula.
Perguntado sobre a solução para a crise brasileira, o ex-presidente disse que ela será resolvida apenas com eleições livres e limpas, e com um presidente que tenha legitimidade para governar. “Enquanto não tiver um presidente legítimo, não tem solução”, explicou Lula.
Sobre a caravana Lula pelo Brasil, que a partir da próxima semana passará pela Região Sul, o ex-presidente destacou que o objetivo da peregrinação será debater com a sociedade os destinos da nação. “Vou conversar muito, sobretudo sobre o que vamos construir para o futuro do País”, declarou.
Durante a entrevista Lula tratou ainda de outros assuntos como os investimentos em educação, a Reforma da Previdência e as consequências da redução das políticas sociais no País.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista de Lula:
Acusações – “Tenho a tranquilidade dos inocentes, mas meus acusadores não têm porque sabem que mentiram. A PF [Polícia Federal] mentiu quando fez o inquérito como resultado de uma mentira da imprensa, sobretudo do jornal O Globo, – o primeiro a noticiar que o tríplex do Guarujá seria de Lula – o Ministério Público da Lava Jato mentiu ao me acusar, o juiz Moro mentiu na sentença, e o TRF 4 mentiu quando me condenou. Não leram o processo, não ouviram as testemunhas. A única coisa que peço é que leiam os méritos do processo. Inventaram mentiras deslavadas com um único objetivo de me tirar da eleição”.
Disposição de luta- “Eu tenho consciência que sou vítima de perseguição, sei qual é o objetivo (dos perseguidores) e eu estou disposto a brigar. Se essa gente está acostumada a lidar com político ladrão, que tem o rabo preso e fica quieto por causa de uma denúncia, eu digo que não tenho o rabo preso. Não devo nada a ninguém, e vou brigar porque sou de uma terra onde a honra vale muito. Eu tenho honra, e vou defendê-la”.
Eleições 2018 – “Ao invés de tentarem evitar que eu seja candidato com mentiras processuais, é melhor julgar o mérito e disputar comigo as eleições. Quem ganhar leva, é legitimo. Eu já perdi três eleições (antes de ganhar a primeira), e aceitei o resultado”.
Caravanas – “As caravanas têm o objetivo de mostrar as pessoas que é possível reconstruir aquele País de 2009, 2010, quando nós governamos, que tinha empregos, aumento de salário, programa para a agricultura e compra de alimentos. Acredito que é plenamente possível recuperarmos isso. Para isso temos de ouvir o testemunho da sociedade e detectar o que está acontecendo”.
Caravana pelo Sul – “Depois de Bagé, quando vamos conversar com os estudantes da Universidade do Pampa, vou à cidade de Santana do Livramento, fronteira com o Uruguai, para conversar com o Pepe Mujica [ex-presidente do Uruguai]. Vamos discutir o Mercosul, o Unasul e a Integração da América Latina, porque é importante criarmos um bloco econômico forte para fazer as negociações comerciais com a Europa, os Estados Unidos e a Ásia”.
Credibilidade – “O problema do País não é apenas econômico, mas também de credibilidade. Enquanto não tivermos um presidente eleito democraticamente, que ao falar as pessoas confiem, fica difícil acertar em outras coisas”.
Educação – “A educação é uma coisa tão sagrada que nenhum País se tornou competitivo no mundo sem antes investir na Educação. O Brasil foi o último País a ter uma universidade na América do Sul, apenas em 1920, uma vergonha. E eu, o único presidente sem diploma universitário, fui o que mais fez universidades e extensões universitárias em toda a história do Brasil”.
Reforma da Previdência – “Falaram que se não fizesse a reforma, a Previdência iria quebrar. O que vai salvar a Previdência é gerar emprego, salário, renda e contribuintes. De 2004 a 2014, geramos mais de 20 milhões de empregos e formalizamos mais de seis milhões de empreendedores individuais, e a Previdência não era deficitária. Ela começa a ficar deficitária quando não se tem emprego, o salário começa a cair e ocorre a informalização da economia. A solução é fazer o Brasil voltar a crescer”.
Volta da pobreza – “Você não sabe a minha tristeza quando olho para trás e comparo o Brasil de hoje com aquele que deixamos em 2010. Vejo pessoas voltando a morar na rua, crianças a pedir esmola em semáforo, uma coisa muito triste porque tínhamos acabado com isso no Brasil. Esse País tem um potencial extraordinário, mas para isso é preciso colocar os pobres na economia, colocar dinheiro na mão do povo”.
Esperança no futuro – “Eu quero provar que é possível fazer esse País voltar a crescer, ter emprego, oferecer crédito e máquina financiada para o pequeno agricultor. Eles sabem que eu sei como fazer, e esse é o medo deles, sabem que sou um cidadão brasileiro que sabe cuidar do povo”.
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Héber Carvalho
Foto: Ricardo Stuckert