O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, na manhã desta terça-feira (6), em Luis Eduardo Magalhães (BA), da abertura da Farm Show, a maior feira de tecnologia agrícola e negócios do Norte e Nordeste do Brasil. Discursos em defesa da democracia e da despolitização do agronegócio marcaram o evento, que também contou com as presenças do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e de outros integrantes do governo.
Na ocasião, Lula destacou a prioridade dada pelo Executivo à agropecuária e criticou setores políticos que incentivam conflitos entre o agronegócio e os pequenos produtores rurais, o que considerou desnecessário e improdutivo. “Olha, são duas coisas totalmente necessárias ao país, não há rivalidade, não há por que o preconceito contra o pequeno ou do pequeno contra o grande. O Brasil precisa dos dois. Porque os dois ajudam o Brasil”, disse o presidente.
“Por que que eu poderia ser contra um produtor rural que quer ter terra pra trabalhar, por que que eu poderia ser contra um grande produtor que está produzindo e vendendo sua soja?”, questionou. “Deus queira que a gente produza muito mais, que a gente venda muito mais“.
Quem é do agronegócio sabe quanto foi o Plano Safra do ano passado. Talvez o pior da história. Quem é do setor da agricultura sabe o que estava acontecendo no país. Em meus primeiros mandatos, as máquinas eram compradas com 2% de juros. Agora, 14%.
— Lula (@LulaOficial) June 6, 2023
Lula também avaliou que esse e outros conflitos estão diretamente relacionados à não aceitação do resultado das últimas eleições. “O Brasil está com uma confusão política que a gente não conhecia até então, ou seja, normalmente você disputava uma eleição aqui, muitos de vocês já disputaram eleição, o prefeito já disputou a eleição, tinha um resultado eleitoral, você ia pra casa chorar a tua derrota”, disse o presidente.
“Como diria o [Leonel] Brizola, você ia lamber as suas feridas e esperar outra eleição. Foi assim que eu perdi para o Fernando Henrique Cardoso duas vezes. Foi assim que eu perdi do Collor. E depois nós começamos a ganhar”, disse Lula.
“Só que as pessoas que perdem pra nós não se conformam, não querem aceitar o resultado das eleições, e a gente não estava acostumado ao ódio, a gente não estava. Agora nós temos um ódio disseminado, baseado numa quantidade de mentira que eu não conhecia, uma máquina de contar mentira como a que está implantada nesse país, e tudo é feito com deboche, sem nenhum respeito à verdade”, criticou o presidente, antes de acrescentar: “Joguem o ódio na lata do lixo”.
Retrocessos
Lula destacou os retrocessos registrados nos últimos sete anos, lembrando que quando ele deixou a Presidência, em 2010, o Brasil era a sexta economia do mundo, e, agora, a décima terceira. Ele citou as perdas do agronegócio como exemplo. “E eu tenho noção do retrocesso que esse país sofreu nos últimos anos. Citando o agronegócio, sabe quanto foi o plano Safra do ano passado? Talvez o pior de toda a história do agronegócio”, disse o presidente.
Ele também comparou os juros cobrados durante seus governos anteriores com as altas taxas praticadas hoje pelo Banco Central, presidido pelo bolsonarista Roberto Campos Neto. “Sabe o que aconteceu no tempo em que o PT governava esse país? Vocês compravam uma dessas máquinas que parecem uma coisa do outro mundo pagando dois por cento de juro ao ano. Hoje vocês estão pagando dezoito, dezenove por cento ao ano. Está praticamente impossível as pessoas comprarem, e nós entendemos que é obrigação do Estado criar as condições de ajudar”, afirmou o chefe do governo.
Agradecimento
A participação de Lula e de integranges do governo na Bahia Farm Show ocorreu pouco mais de um mês depois de o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, ter sido desconvidado da abertura da Agrishow, feira internacional de tecnologia agrícola, realizada em Ribeirão Preto (SP). A descortesia foi articulada por bolsonaristas da organização do evento.
Lula agradeceu ao presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Odacil Ranzi, pelo convite para participar da Bahia Farm Show. “Eu quero agradecer a você e aos companheiros da direção da feira pela honra de ter sido convidado junto com ministro da agricultura para participar desse encontro aqui”, disse.
Antes da fala de Lula, o presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA), Odacil Ranzi, agradeceu, “de forma especial, a presença do nosso presidente eleito democraticamente, nosso presidente Lula, que aceitou nosso convite, e hoje prestigia a nossa feira”.
Agricultura
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, ressaltou que ser convidado a participar do evento é uma oportunidade para expor as prioridades do governo para o setor. “Receber o convite para estar aqui, poder dizer tudo aquilo que queremos continuar incentivando, fazendo e acontecendo, é um dia muito festivo. E tenham certeza vocês: é uma grande virada de chave”, disse. “Como disse todos, a eleição acabou, agora é hora de trabalhar, hora de fazer o Brasil andar para frente, a hora de continuar a fazer as coisas acontecendo”.
O ministro falou das prioridades do governo para o setor. “Algumas ações já estão sendo tomadas, desde os primeiros dias de governo. A principal delas, andar mundo afora, mostrar o tanto que produzimos com sustentabilidade. Não vão colocar a pecha nos produtores brasileiros como criminosos que destroem o meio ambiente. Não é essa a realidade. [São] poucos cometem crime ambiental e tiram a competividade e o respeito de todos os outros. A imensa maioria dos nossos produtores tem excelência em práticas de sustentabilidade”, frisou.
Fávaro também destacou que, em maio, o Banco do Brasil investiu R$ 15 bilhões no agronegócio, recorde para o mês ao longo dos anos. Ressaltou ainda que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberou, em janeiro, R$ 2,9 bilhões para financiamentos no setor.
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