O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, neste sábado, durante o ato “Construir o Futuro”, em Madri, que a questão ambiental não é mais um tema de ambientalistas, mas de todo o povo do planeta Terra. Para Lula, é preciso colocar a questão ambiental na ordem do dia, pois não é mais possível pensar a o emprego e o desenvolvimento sem tratar da questão ambiental.
“Temos que discutir as questões das favelas, da água potável, do tratamento de esgoto, da despoluição dos rios, da despoluição das praias e não só a Amazônia”, disse Lula, lembrando da situação das palafitas em várias cidades brasileiras e fazendo referência ao geógrafo pernambucano Josué de Castro, autor do livro Geografia da Fome, que se tornou mundialmente conhecido por fazer um diagnóstico das causas e consequências da fome no Brasil.
Lula disse ainda que, na questão da Amazônia, tem que se deixar claro que o território pertence ao povo brasileiro e o Brasil é soberano, mas que a riqueza da biodiversidade deve ser compartilhada com o mundo. Ele lembrou que vive hoje na Amazônia uma população de mais de 25 milhões, que precisam ter condições de viver. “Não queremos transformar a Amazônia num santuário da humanidade, o que nós queremos é explorar cientificamente a riqueza da biodiversidade para dela a gente ver se tira alguma coisa para ajudar o povo brasileiro e o povo do mundo”, afirmou.
A sustentabilidade foi um dos três temas tratados por Lula em seu discurso para lideranças progressistas da Espanha. O ex-presidente abordou também a necessidade de dar visibilidade a outras duas questões : da desigualdade no mundo e da indústria de dados, que é dominada hoje pelos Estados Unidos e pela China. Lula lembrou que os dados das pessoas são considerados hoje tão valiosos quanto foi o petróleo no século passado. “Vocês hoje devem discutir o mundo digital. Como será o emprego digital?”, questionou.
Sobre a desigualdade, Lula lembrou que chegou a conversar com o Papa Francisco sobre o assunto. Para o ex-presidente, é preciso começar uma luta no mundo sobre a desigualdade. “Nós precisamos colocar a questão da desigualdade no centro de nossa pauta. Tem 800 milhões de seres humanos que não têm sindicato nem partido e muitos não têm nem pátria”, disse, relacionado o tema da imigração à miséria e convocando os progressistas a levantarem a bandeira contra a fome. “Nós que tomamos café, nós que almoçamos todos os dias, nós que jantamos, nós temos que ter obrigação ética, obrigação moral, de estender a mão para que essa gente tenha o que comer, no mínimo. Nós é que temos que estender a mão para eles”, disse Lula.
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