Lula pede força e união do movimento sindical em carta à Confederação Internacional

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou nesta terça-feira (4) uma carta ao 4º Congresso Mundial da CSI (Confederação Sindical Internacional), em Copenhagen. O evento, que reuniu trabalhadores de todo o mundo, teve como uma das pautas a defesa da liberdade de Lula, preso político há quase oito meses. “Temos uma grande batalha pela frente, mas saber que podemos contar com a solidariedade incondicional de milhões de trabalhadores e trabalhadoras nos dá ainda mais convicção de que vamos vencer mais essa”, escreveu o ex-presidente. Leia a íntegra:

 

“Queridos companheiras e companheiros,

 

É com grande alegria que me dirijo aos participantes do Quarto Congresso da Confederação Sindical Internacional. Os temas que serão debatidos por vocês em Copenhagen são fundamentais e estão no centro da batalha que temos que travar no mundo e também aqui no Brasil. Hoje, mais do que nunca, precisamos de um movimento sindical forte e unido para, juntos, lutar pela democracia, resgatar e fortalecer os direitos trabalhistas e alcançar uma sociedade mais justa e igualitária.

No Brasil, nossa jovem democracia vem sendo duramente atacada. Dois anos atrás, um golpe de Estado destituiu a presidenta eleita Dilma Rousseff, jogando o país no caos. Direitos sociais foram retirados em benefício do mercado especulativo e de interesses corporativos nacionais e estrangeiros. Este ano, apesar de liderar as pesquisas eleitorais, fui impedido de concorrer à presidência da República.

O povo brasileiro não pôde, assim, exercer o direito de eleger livremente seus representantes. Foi para alcançar esse objetivo que fui condenado sem nenhuma prova. Mesmo assim, venho enfrentando todas as acusações infundadas contra mim com base na lei. Recentemente, o Comitê de Direitos Humanos da ONU acatou minhas alegações e reconheceu meus direitos políticos. Poucos dias atrás, como prova clara dessa perseguição política, o juiz que me condenou de maneira ilegal, abandonou a magistratura e aceitou tornar-se ministro do governo de extrema direita que assumirá o poder no Brasil.

A verdade é que os nossos adversários nunca aceitaram o legado que deixamos ao país. Mas eles estão muito enganados se pensam que iremos nos render assim tão fácil. O Partido dos Trabalhadores nasceu da resistência à ditadura e, mesmo nos momentos mais difíceis, nunca desistimos. Pelo contrário, lutamos e alcançamos a redemocratização do país. Anos depois, chegamos ao governo, retiramos 36 milhões de pessoas da miséria e geramos 20 milhões de empregos formais. É por isso que seguiremos de cabeça erguida para defender a democracia e os direitos conquistados por nosso povo.

Quero finalizar agradecendo de coração a todas as mensagens de solidariedade que tenho recebido e pelos diversos atos que o movimento sindical internacional realizou ao redor do mundo exigindo o fim das inúmeras arbitrariedades cometidas contra mim e a democracia brasileira. Temos uma grande batalha pela frente, mas saber que podemos contar com a solidariedade incondicional de milhões de trabalhadores e trabalhadoras nos dá ainda mais convicção de que vamos vencer mais essa.

 

Um abraço fraterno,

Luiz Inácio Lula da Silva”

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