Em entrevista exclusiva a Wellignton Calasans, correspondente do blog Cafezinho na Suécia e comentarista de política internacional para rádios africanas, o ex-presidente Lula lamenta o “golpe travestido de impeachment e a perseguição judicial a si e a seu partido”. “Nós temos um comportamento equivocado de setores do Ministério Público, nós temos um estado de exceção com o comportamento da própria Política Federal agindo em conluio com uma imprensa autoritária. Eu diria uma situação que envergonha o Brasil no mundo, porque o Brasil não está nem respeitando internamente a Constituição nem a democracia”, afirmou Lula.
Na avaliação do ex-presidente, a elite brasileira não sabe viver democraticamente numa sociedade em que ela não governe. “Quando um partido como o PT ia completar 16 anos de governança, com uma mudança extraordinária na qualidade de vida do povo brasileiro, com uma evolução de conquistas da sociedade brasileira, eles resolveram então antecipar e dar um golpe como estão dando agora”, enfatizou.
Para Lula, as “brutalidades judiciais” crescentes que se levantam contra sua pessoa reflete o medo das “elites reacionárias” de que o povo escolha novamente um programa de governo que privilegie os mais pobres e tenha como norte uma postura internacional soberana.
Lula, durante a entrevista, disse que continua aprendendo com a vida, que está observando cenário eleitoral de 2018 e não descartou uma possível candidatura, caso seja necessário. “Pode ficar certo que se eu tiver que voltar, eu voltarei muito melhor do que eu fui”, assegurou ao jornalista Welligton Calasans.
O ex-presidente lamentou ainda o “viralatismo” do governo golpista de Michel Temer, tentando fazer o Brasil retomar a postura colonizada e subalterna que manteve durante séculos, e que foi um dos fatores responsáveis por nosso subdesenvolvimento. Ele sugere responsabilidade aos golpistas quando pensarem os Brics – grupo econômico que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -, e explicou que nunca foi uma estratégia do grupo afastar-se diplomaticamente das nações ricas. “Ao contrário, o que buscamos foi uma maneira de fortalecermos os países em desenvolvimento e trazermos mais estabilidade econômica e política ao mundo”, afirmou.
ONU – Diante deste quadro político do Brasil e da perseguição ilegal e antidemocrática que vem sofrendo, Lula entrou nesta quinta-feira (28) com uma ação-denúncia nas Nações Unidas.
Lula recorre a ONU contra abuso de poder de Sergio Moro
Veja o áudio completo da entrevista no link abaixo:
PT na Câmara com site Brasil 247
Foto: Ricardo Stuckert