A privatização da Eletrobras pela quantia irrisória de R$ 29,2 bilhões, efetivada nesta sexta-feira (10) pelo governo de extrema direita Bolsonaro, despertou a indignação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de parlamentares do PT, que usaram as redes sociais neste sábado para criticar a ação antinacional.
“A Eletrobrás foi construída ao longo de 60 anos, com o suor de gerações de brasileiros. O resultado desse crime de lesa-pátria é a perda da nossa soberania energética. É a entrega de um bem essencial ao desenvolvimento de um país inteiro para empresários que só visam o lucro”, denunciou o ex-presidente pelo Twitter.
Lula fez um paralelo com a mazela da fome que assola o País. “Cerca de 33 milhões de brasileiros estão passando fome. As pessoas são obrigadas a escolher entre comprar comida ou pagar a conta de luz, que não para de subir. E o que faz o governo? Privatiza a Eletrobrás, para aumentar ainda mais a conta de luz”, criticou o ex-presidente.
“Perder a Eletrobrás é perder também Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletrosul, entre outras empresas estratégicas. É perder também parte da soberania sobre alguns dos nossos principais rios, como o rio Paraná e o rio São Francisco”, disse Lula.
Privataria criminososa
Com a privatização da maior empresa do sistema elétrico do País e a maior geradora de energia elétrica da América Latina , o governo militar sob comando do ex-capitão reduziu substancialmente a participação da União na empresa, que deve passar de 72% para cerca de 45%. O total da operação pode chegar a R$ 33,68 bilhões, considerando o lote suplementar de até 15% das ações da oferta inicial previsto no prospecto da oferta. Para se construir toda a estrutura da estatal, hoje teria que ser investido entre R$ 470 bilhões e R$ 600 bilhões, segundo especialistas do setor.
“A entrega da maior empresa de energia da América Latina, pela bagatela de R$ 33 bi é crime. Vamos lutar para reverter esta privataria e responsabilizar criminalmente Bolsonaro, Paulo Guedes e seus comparsas que estão colocando as mãos sujas de corrupção na nossa estatal”, escreveu o deputado Rogério Correia (PT-MG) em suas redes sociais.
Destruição do Brasil
Pelo Twitter, a presidenta Nacional do Partido dos Trabalhadores, deputada Gleisi Hoffmann (PR), também lamentou a venda da companhia. “Tática nefasta de vender ações da Eletrobras até o governo perder o controle da empresa foi o golpe mais baixo que já se viu. O povo tá desempregado, endividado, sem renda, com fome e a preocupação de Bolsonaro e Guedes é com o mercado. Essa dupla é a destruição do Brasil”, denunciou.
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) classificou a privatização da Eletrobras como uma ação que causará grande prejuízo ao povo brasileiro. “Não apenas pelo aumento na conta de luz que isso vai acarretar, mas também pela perda de uma das gigantes empresas que geram empregos e diversos estados. Tudo culpa do desgoverno Bolsonaro”, criticou a parlamentar.
Paulo Pimenta (PT-RS) escreveu: “Em 60 anos, o Brasil construiu a maior empresa de energia elétrica da América Latina. Não aceitaremos que ela seja entregue, de presente, ao setor privado. A Eletrobrás é do povo Brasileiro.” E completou: “Neste sábado, a indignação e a luta tomarão o lugar da alegria no aniversário de 60 anos da Eletrobrás. A privatização da estatal é um dos maiores crimes contra a soberania nacional e fará o Brasil retroceder aos tempos dos apagões.”
Assalto aos cofres públicos
A revista Forum denunciou que o governo Jair Bolsonaro (PL), em estratégia traçada pelo ministro Paulo Guedes (Economia), está realizou um verdadeiro assalto aos cofres públicos ao fixar em R$ 42 reais o preço da cada ação da Eletrobrás, resultando em cerca de R$ 30 bilhões o valor total para privatização da empresa, uma das maiores do setor energético do mundo.
Segundo Íkaro Chaves, diretor da Associação dos Engenheiros e Técnicos do Sistema Eletrobrás (Aesel), esse montante é metade do valor que a empresa tem em caixa e a receber nos próximos 4 anos.
O valor vai sair do do governo para o chamado mercado, que passará a controlar aa empresa. A Eletrobras controla 22 usinas hidrelétricas já amortizadas ou em fase de amortização, sendo responsável por 48,25% da potência hidrelétrica instalada no país.
Segundo cálculos da Aesel, que foram entregues ao ministro Vital do Rêgo – relator e único a votar contra o processo de privatização no Tribunal de Contas da União (TCU) – somente os valores de ativos de transmissão somam R$ 50 bilhões e as participações em empresas chegam a R$ 29 bilhões, acrescenta a Fórum..
Para se construir toda a estrutura da estatal, hoje teriam que ser investidos entre R$ 470 bi e R$ 600 bi, segundo a associação.
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Benildes Rodrigues