Lançado oficialmente candidato a presidência da República nesta quinta-feira (25), durante reunião ampliada do Diretório Nacional do PT, em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que aceita a missão com o objetivo de transformar o Brasil. “Quero ser candidato para ganhar as eleições e governar esse País”, destacou. Após ser aclamado por membros do diretório, deputados, senadores, governadores e lideranças de movimentos sociais e entidades sindicais, Lula lembrou que a condenação imposta a ele ontem (24) pelo TRF4, visava justamente impedir a sua candidatura.
“Sei que as pessoas que me condenaram ainda têm tinta na caneta e vão tentar impedir a minha candidatura. Vocês (dirigindo-se presentes ao auditório) precisam fazer essa candidatura avançar com a mobilização do povo”, observou. A reunião ampliada do Diretório Nacional aconteceu na sede nacional da CUT, no centro de São Paulo.
Após a aprovação unânime da candidatura de Lula, a presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), declarou que o ex-presidente é a única opção do partido. “Não tem plano B”, ressaltou.
Durante a reunião, Lula criticou ainda a decisão do TRF4 que o condenou a 12 anos e um mês de prisão, sem provas. “O que está sendo julgado é a forma como nós governamos esse país. Querem criminalizar uma organização política que colocou o pobre pela primeira vez no centro da discussão social. O Lula é apenas a ponta de lança que eles querem tirar do jogo. Sou um cidadão que acredita nas instituições. Nós vamos recorrer naquilo que for possível recorrer e batalhar até o final”, prometeu.
O ex-presidente disse ainda que apesar da perseguição judicial e midiática contra ele, a maior parte da população entende porque querem condena-lo. “Nós conseguimos nos últimos meses passar para a sociedade a questão política que está em jogo. Eles podem ter ganho a narrativa na grande mídia, mas perderam na consciência do povo brasileiro”, observou.
Sobre uma possível tentativa de alijar Lula da disputa, Gleisi Hoffmann avisou que a manobra não será aceita pelos apoiadores do ex-presidente. “Eles não têm candidato a oferecer ao Brasil. Por isso não querem Lula. Querem uma eleição com alguém que defenda esse programa que está aí (do Temer), trocando apenas o rosto. Não vamos aceitar. Lula é candidato não só do PT, mas de parcela expressiva do povo brasileiro”, avisou.
Também presente à reunião, a ex-presidenta Dilma Rousseff destacou que a condenação de Lula é a segunda parte do golpe. “Sobrevivemos ao golpe do impeachment sem crime de responsabilidade e a tentativa de destruir a liderança popular do presidente Lula. Precisamos agora acumular força até a vitória em outubro”, conclamou.
Resistência– Ao também defenderem a candidatura de Lula, vários oradores alertaram para a necessidade de redobrar a luta para evitar manobras que visem a retirar o nome do ex-presidente da disputa.
Para o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), a decisão do TRF4 demonstra que será preciso muita luta para garantir a eleição de Lula. “A democracia está sendo pisoteada. Se em 1964 as elites recorreram ao quarteis, hoje recorrem à ditadura da toga. O caminho para a redemocratização é a eleição de Lula, a mobilização, a resistência democrática e a defesa da soberania”, disse.
Na mesma linha de pensamento, o deputado Wadih Damous (PT-RJ) disse que para enfrentar “a fascistização de parte do judiciário brasileiro, do ministério público e da polícia federal, com apoio da grande imprensa” será necessário um movimento de desobediência civil.
“Por isso vejo com bons olhos o que ocorreu ontem (24) em São Paulo, quando os manifestantes em defesa de Lula marcharam pela Avenida Paulista, desobedecendo a ordem do governo Alckmin. Não cabe a nós ficarmos de braços cruzados, respeitando decisões inconstitucionais. Se eles jogaram o país no fogo, não temos que fazer o papel de bombeiros”, declarou.
Héber Carvalho