Em entrevista à Rádio Itatiaia, nesta quinta-feira (8), Lula assegurou ter sido o presidente da República que mais destinou recursos para investimentos em Minas Gerais. Ele anunciou que, além disso, o estado ainda contará com mais R$ 121,4 bilhões do Novo PAC, que estão sendo detalhados, hoje, durante uma apresentação em Belo Horizonte.
“Eu duvido que, na história de Minas Gerais, um presidente da República colocou mais investimentos aqui, como foi nos dois primeiros mandatos meus”, disse Lula à jornalista Edilene Lopes. “Agora, com a apresentação desse PAC, eu duvido que apareça um presidente que coloque à disposição de Minas Gerais R$ 121 bilhões de investimentos para o futuro de Minas Gerais”, disse Lula, que expressou “um carinho especial” pelo estado.
“E eu faço isso, sabe por que? Não porque eu tenho amizade com o governador ou não tenho amizade com o governador. Faço pelo povo de Minas Gerais, é o segundo estado mais importante da federação, é um estado extremamente importante do ponto de vista político, do ponto de vista cultural. É um estado pelo qual eu tenho um carinho especial”, disse o presidente.
Ele explicou que, dos R$ 121,4 bilhões destinados pelo Novo PAC para Minas, R$ 4 bilhões são para transportes. Afirmou que, embora a malha viária do estado seja a segunda maior do país, ela “estava totalmente abandonada”.
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O presidente frisou que, só em 2023, seu governo destinou R$ 557 milhões para a infraestrutura de transportes de Minas, muito acima dos R$ 222 milhões aplicados durante os quatro anos do mandato de Bolsonaro. “Nós herdamos o país com milhares, milhares e milhares de obras paradas”, ressaltou Lula.
Comparação
O presidente também sugeriu que a imprensa, após a apresentação do Novo PAC, faça uma comparação entre o que foi feito para o estado nos governos dele e de Dilma Rousseff e o que foi realizado nas gestões de Michel Temer e de Jair Bolsonaro.
“Qual foi o metro quadrado que foi feito em Minas Gerais? Qualquer coisa, e compare o que vai acontecer agora em Minas Gerais”, disse, detalhando que os recursos do Novo PAC são destinados a diversos setores, como infraestrutura, saúde, educação, transportes, energia, entre outros.
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Quanto à educação, por exemplo, o presidente destacou que seu governo está promovendo uma “revolução” no setor, com vários investimentos importantes, como a ampliação da rede de institutos federais, fundamentais para a formação profissional dos jovens.
“Nós estamos fazendo uma revolução na educação. Eu e a Dilma fizemos 44 institutos federais aqui, e eu vou anunciar mais 8 institutos federais em Minas Gerais. Na história inteira de Minas Gerais só teve 22. Nós, em poucos anos do PT, já vamos fazer, ao todo, 50 institutos federais em Minas Gerais, e ainda é preciso fazer muito mais porque Minas Gerais é muito grande”, disse Lula. “É essa Minas que nós vamos tratar com muito carinho e muito respeito, independentemente da relação pessoal entre presidente e governador.
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Lula disse ainda que a apresentação de hoje do Novo PAC é importante para que a população conheça os projetos e tenha condições de acompanhar a execução e fazer cobranças.
Eleições
A jornalista Edilene Lopes também quis saber como o PT está se preparando para enfrentar a extrema direita na eleição municipal de Belo Horizonte. Lula expressou confiança e afirmou que o partido tem uma extensa lista de bons serviços prestados à capital, que serão apresentados aos eleitores ao longo do ano.
Bolsonaro na mira da PF
A entrevista também tratou da operação de busca e apreensão realizada hoje pela Polícia Federal contra Jair Bolsonaro, que terá que entregar o passaporte, e outros suspeitos de envolvimento na tentativa de golpe de 8 de janeiro do ano passado. Durante a operação, Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro, foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo.
A jornalista pediu a opinião de Lula sobre o assunto, mas o presidente disse que não cabe a ele opinar sobre uma ação policial determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Por outro lado, disse esperar que a PF atue democraticamente e em conformidade com a lei.
“Eu não quero fazer julgamento sobre o que pode acontecer na Justiça brasileira. Ou seja, a Justiça está pedindo para a polícia investigar, quando tiver as informações, a Justiça vai tomar a decisão. O que eu acho é que eu quero que o Bolsonaro tenha a presunção de inocência que eu não tive”, disse, em referência à perseguição criminosa da Lava Jato. “O que eu quero é que seja investigado, que seja apurado. Quem tiver responsabilidade pelos seus erros, que pague pelos seus erros”.
O presidente acrescentou que, embora não queira opinar sobre a atuação da PF, ele considera fundamental a investigação e a responsabilização de todos os envolvidos nos atos golpistas.
“Obviamente que tem muita gente envolvida, eu acho que tem muita gente que vai ser investigada, porque o dado concreto é que houve uma tentativa de golpe, houve um desrespeito à democracia, houve a tentativa de destruir uma coisa que nós construímos há tantos anos que é o processo democrático”, afirmou Lula.
O presidente prosseguiu: “E essa gente tem que ser investigada, nós queremos saber quem é que financiou, nós queremos saber quem é que pagou, quem é que financiava aqueles acampamentos, para que a gente nunca mais permita que aconteça o ato que aconteceu no dia 8 de janeiro. As pessoas precisam aprender: eleição democrática a gente perde e a gente ganha. Quando a gente perde a gente lamenta, quando a gente ganha a gente toma posse e governa o país”.
Perguntado sobre o envolvimento de Bolsonaro com o 8 de janeiro, Lula respondeu afirmativamente e disse que o ex-presidente “deve ter participado da construção dessa tentativa de golpe”.
“Eu acho que não teria acontecido sem ele. O comportamento dele foi muito diferente. Primeiro antes das eleições. Ele passou o tempo inteiro, o tempo inteiro, mentindo sobre as eleições, mentindo sobre as urnas, criando suspeição de uma urna que foi responsável pela eleição dele em 2018”, disse Lula.
O presidente acrescentou que, se Bolsonaro “fala que a eleição não foi legal, então ele tinha que ter pedido que todos os deputados, todos os senadores renunciassem, porque todo mundo foi eleito no mesmo processo eleitoral, com a mesma urna”.
Lula afirmou ainda que Bolsonaro “utilizou a tática de criar um descrédito na sociedade” em relação à lisura do processo eleitoral e que “quando você cria um descrédito, aí você pode fazer qualquer coisa, você desmoraliza um processo, e você pode acabar com esse processo”.
PTNacional