Lula depõe a Moro: “não quero ser julgado por interpretações, mas por provas”

Após cinco horas de depoimento ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, Lula disse nesta quarta-feira (10) a milhares de manifestantes na praça Santos Andrade, no centro da capital paranaense, que não quer “ser julgado por interpretações, mas por provas” e que esperava, após dois anos de massacre midiático, que elas fossem apresentadas pela Justiça e pelo Ministério Público – o que não ocorreu.

“Hoje pensei que meus acusadores iriam mostrar uma escritura, um documento, um pagamento, alguma coisa que eu fiz para ter o tal do apartamento que dizem que é meu”, afirmou Lula, em referência à acusação de que seria proprietário de um tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo.

Falou que, depois de tanta perseguição, está com “vontade de fazer mais e fazer melhor” pelo Brasil, referindo-se à sua disposição de ser novamente presidente. “Se a elite não tem competência para consertar esse País, um metalúrgico com a quarta série vai provar que pode”. Disse ainda não querer afrontar ninguém e que, em nome do respeito que tem pelas leis, só pedia uma coisa: “que, em troca, me respeitem”.

Lula reforçou que nenhum brasileiro mais do que ele está em busca de esclarecer toda a verdade sobre as acusações. “Quando pedi para que o depoimento fosse transmitido ao vivo é porque minha mãe, que nasceu e morreu analfabeta, dizia que a gente conhece quem está falando a verdade pelos olhos e não pela boca”, contou.

Ao se dirigir diretamente aos manifestantes, o ex-presidente disse que se tiver cometido algum erro não quer ser julgado apenas pela Justiça, mas, antes, pelo povo brasileiro. “Eu não seria digno do apoio de todos os movimentos aqui representados, de todo esse carinho, se eu tivesse alguma culpa e estivesse falando aqui com vocês”, falou emocionado.

Sobre o apoio que recebeu em Curitiba, Lula avaliou que – de todas as manifestações de que participou em toda a sua vida pública (algumas com mais de um milhão de pessoas) – nenhuma delas foi tão gratificante como a desta quarta-feira. “Se não fossem vocês eu não suportaria o que eles estão fazendo comigo”, confessou. “A minha relação com vocês é de companheiros de luta, é de projeto de País”, completou.

A presidenta legitimamente eleita, Dilma Rousseff, que acompanhou o ex-presidente Lula durante todo o dia, também falou aos manifestantes na praça Santos Andrade. Ela repudiou o absurdo de uma nova tentativa de golpe, desta vez, contra Lula, para inviabilizar, “por meios absurdos, as condições de cidadania para que ele mais uma vez coloque seu nome para ser aceito ou não, votado ou não, pelo povo brasileiro”. “Perder eleição não é vergonha, só é vergonha para golpista. Por isso, somos daqueles que sempre ganham com a democracia”.

Tarciano Ricarto

 

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