O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta sexta-feira (3), que os responsáveis pelos escândalos de corrupção na Petrobras sejam punidos, mas que os trabalhadores sejam preservados. “Se alguém sacaneou ou roubou a Petrobras, que pague pelo roubo, e que os trabalhadores não sejam punidos. Que não sejam punidos aqueles que efetivamente são responsáveis pela construção dessa extraordinária empresa, motivo de orgulho para o nosso País”, disse Lula, na 5ª Plenária Nacional da Federação Única dos Petroleiros (FUP), na Escola Florestan Fernandes, em Guararema (SP).
O petista disse que aceitou participar do encontro dos petroleiros porque é preciso contar e recontar sua participação nas lutas e feitos deste país. “Tenho orgulho de ter sido o metalúrgico que levou o Jair Meneguelli (ex-sindicalista que militou ao lado de Lula no ABC) a ser cassado por fazer a primeira greve, em solidariedade aos petroleiros em 1983”. “A luta da defesa da Petrobras não é só dos petroleiros. É de quem tem responsabilidade com a soberania desse país”, completou.
Indústria naval – Lula acrescentou que sente muito orgulho de ter sido o presidente que capitalizou a estatal e ajudou a recuperar a indústria naval brasileira. Ele lembrou que, ao assumir a Presidência da República, a Petrobras representava apenas 2% do Produto Interno Bruto (PIB) e hoje representa 13%. Lula disse que “se quiserem um brasileiro com orgulho da Petrobras, estou aqui” e sobre a abordagem da imprensa às questões da estatal, afirmou: “a Petrobras não é corrupção. É muito mais que isso. O Brasil não é só miséria como querem mostrar. Não queremos que não mostrem as coisas ruins, mas queremos que mostrem a verdade”.
Luiz Inácio Lula da Silva também ressaltou que sente muito orgulho de ter sido o presidente sem diploma universitário que mais criou universidades neste País. “Tenho orgulho de pertencer a um partido e a um governo que em 12 anos construiu mais vagas nas universidades do que as elites em cem anos. Fizemos também mais escolas técnicas nesse período do que eles em cem anos. Nunca os brasileiros tiveram tanto orgulho do que tiveram nesses 12 anos”.
Operação Lava Jato- O ex-presidente comentou os vazamentos seletivos da Operação Lava-Jato. “O vazamento tem interesse. É para pegar alguém ou acusar um partido. Ou seja, a pessoa só pode ser chamada de ladrão quando provar que é ladrão, não pode criminalizar a pessoa antes de ser julgada”.
Ações da Petrobras- O atual pessimismo na sociedade também foi lembrado no discurso de Lula, que afirmou: “o mau humor hoje não é gratuito. Tem gente que ganha quando caem as ações da Petrobras. Eles compram para vender na alta. Acho que tem gente que dá notícia negativa todo dia, para criminalizar o PT e as esquerdas”. E rebateu: “não há espaço para sermos negativos neste país, é só olhar o que nós éramos e o que somos hoje. Estamos vivendo tempos difíceis, mas vamos consertar. E é isso que a presidenta Dilma está fazendo neste momento”.
Ele enalteceu as “boas notícias” que já estão sendo anunciadas. “Dilma já anunciou dois planos importantes, que é o Plano Safra e o Plano de Concessões, vai anunciar programa de investimento na área de energia, setor elétrico. Mais 3 milhões de casas no Minha Casa, Minha Vida, e vai anunciar outras medidas importantes”. Lula lembrou também o Plano Nacional de Educação (PNE), que “é o grande programa revolucionário neste país” e afirmou “vamos andar o Brasil defendendo este Plano”.
Redução da maioridade penal – Sobre a redução da maioridade penal recém-aprovada na Câmara, o ex-presidente observou que se trata de uma injustiça. “O que explica que o Congresso queira jogar na costa de meninos de 16 anos a responsabilidade pelo que os governos não fazem?”. Lula disse também que a “meninada precisa de oportunidade e não de cadeia”.
Intolerância política – A intolerância política foi outro tema abordado por ele em sua explanação. Lula ressaltou a necessidade de defender a democracia. “A democracia pressupõe respeitar o espaço do outro. Repartir democraticamente os espaços públicos. E não pichar com violência a porta da casa do Jô Soares porque ele entrevistou a presidenta”.
Para terminar, Lula encorajou os trabalhadores a fazer a disputa política no Brasil. “A luta dos trabalhadores não pode ser eminentemente econômica. Tem que pensar em outras coisas. Tem que defender a empresa, proposta para melhorar a vida da empresa, mas tem de sobretudo defender a democracia deste país, o estado de direito. Porque não foi fácil o que conquistamos até agora. Não podemos abdicar disso”.
Na parte final da fala para os metalúrgicos, Lula dirigiu alguns conselhos à presidente Dilma Rousseff. “Eu penso que ela tem que priorizar andar por esse país. Ela tem que botar o pé na estrada. Ao invés de ficar na televisão ou na internet ouvindo os que falam mal dela, ela tem que ir para a rua conversar com o povo, que está torcendo e querendo que ela governe esse país da melhor maneira possível”, afirmou Lula.
Para o ex-presidente, 2015 vai ser um ano difícil para o país. No entanto, ele avalia que Dilma vai ser motivo de orgulho até o final do mandato. Segundo Lula, “nas horas difíceis” , a alternativa é “encostar a cabeça no ombro do povo”.
Equipe PT na Câmara., com agências
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