Lula convoca sindicatos para evitar escravização dos trabalhadores

Foto: Ricardo Stuckert

Diante das sequelas da pandemia da Covid-19, o futuro do sindicalismo brasileiro deve rumar novos caminhos. Durante a 16ª Plenário da Central Única dos Trabalhadores (CUT), nesta semana, Lula fez um alerta sobre a necessidade de mudanças na atuação dos sindicatos. Com tantos retrocessos no desgoverno Bolsonaro, há muitos desafios para o movimento sindical. O desemprego, o crescimento do mercado informal, o aumento da pobreza, da fome e a miséria foram destacados por Lula.

“Existe uma revolução digital ocorrendo em todo mundo e o Brasil está atrasado nisso. Essa indústria dos aplicativos está consumindo a energia da nossa juventude, oferecendo emprego [aos jovens] como se fossem micro ou médio empreendedores quando, na verdade, são pessoas que estão enfrentando um serviço que deveria ter Previdência social, segurança e direitos mínimos”, disse.

O presidente Nacional da CUT, Sérgio Nobre, complementou criticando o momento que o país vive, com a crise econômica, agravada pela pandemia negada por Bolsonaro, com altas taxas de desemprego e miséria.

“Vivemos uma crise social sem precedentes com trabalhadores desempregados ou no desalento. Nas periferias, especialmente nas capitais, vemos famílias inteiras dormindo na calçada, pedindo ajuda nas ruas, nos semáforos. Isso tudo resultado de um governo genocida, que negou a existência da pandemia”, falou.

A Plenária contou ainda com a participação da secretária-geral da CUT, Carmen Foro, do secretário-geral da Confederação Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA), Rafael Freire, e da secretária-geral da Confederação Sindical Internacional (CSI), Sharan Burrow.

Mundo do trabalho

Lula falou sobre os desmontes e ressaltou a falta de proteção trabalhista do governo de Jair Bolsonaro. Disse ainda que é preciso cuidado para o trabalhador não ser escravizado. Ele citou a situação atual dos motoristas de aplicativos, dos microempreendedores, afirmando que o Brasil não está conseguindo acompanhar a revolução tecnológica aliada aos direitos dos trabalhadores e que será necessário criar um novo paradigma.

“Essa gente, trabalha, trabalha, trabalha e quando se acidenta ou fica doente não tem nenhuma proteção do Estado”, exemplificou

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, disse que a reorganização sindical representa um dos principais desafios do movimento sindical, especialmente por causa desse momento de transformações no mundo do trabalho, que foram aceleradas pela pandemia. “O home office é uma realidade, portanto, o local de trabalho mudou. Isso não é uma transformação pequena. Os sindicatos que forem até os locais, encontrarão apenas 20% dos trabalhadores e trabalhadoras. Os aplicativos também são realidade, mudanças que colocam em xeque a nossa organização sindical. O mundo que sai da pandemia não cabe mais ao nosso modelo”, disse o dirigente.

Caminhos futuros

Nobre alertou sobre a mudança cultural que as entidades sindicais precisarão ter no futuro e Lula destacou que é o movimento sindical quem deve dar uma resposta ao conjunto de mudanças no país no pós-pandemia, especialmente depois dos desdobramentos do golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), em 2016, acrescido das políticas promovidas por Michel Temer (MDB-SP) e Bolsonaro recentemente.

“É preciso que a gente tenha consciência que a revolução digital, talvez a mais importante que a humanidade tenha conhecimento, ainda não representa uma contrapartida para a retribuição social ao povo trabalhador”, pontuou. Lula lembrou das transformações tecnológicas e sociais em décadas passadas para falar sobre os medos da população e a resistência popular. “Sempre a humanidade encontrou um jeito. E esse jeito foi encontrado pela luta, pela combatividade e pela persistência dos trabalhadores. E esse desafio [tal qual em outros períodos], está colocado para nós outra vez”, afirmou.

“Do ponto de vista dos empresários, eles querem acumulação de riqueza, de lucro, agora estão preocupados em voar para saber se há uma possibilidade de sobreviver no espaço. Gastam milhões de dólares de passagem para fazer turismo, enquanto as pessoas morrem de fome no Brasil, na América Latina, morre de fome no continente africano”, completou.

Da Redação, com informações da CUT

 

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