Lula classifica intervenção de “pirotecnia” de Temer para angariar votos no “nicho” de Bolsonaro

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quarta-feira (21), em entrevista à Rádio Itatiaia de Belo Horizonte, os interesses que estão por trás da intervenção federal no Rio de Janeiro, decretada pelo governo golpista de Michel Temer. Para Lula, essa ação do ilegítimo não passa de ato de “pirotecnia” ligado a “interesse político”.

“Eu acho que o Temer está encontrando um jeito de ser candidato à Presidência da República. Ele achou que a segurança pública poderia ser uma coisa muito importante para ele pegar como um nicho de eleitores do Bolsonaro”, avaliou Lula, que ainda lembrou que Temer amarga a casa de 3% nas pesquisas eleitorais de intenção de votos.

Observou o ex-presidente que o problema da violência não será resolvido com um decreto intervencionista. “Eles pensaram, vamos criar a intervenção no Rio de Janeiro passando para a sociedade que agora vai acabar os problemas. Não vai acabar. O Exército já ficou um ano na favela da Maré e quando saiu os problemas voltaram”, disse. Lula lamentou ainda a forma estabanada com que foi tomada a decisão, cujo interesse político é visível.

O ex-presidente demonstrou preocupação com o uso das Forças Armadas, especificamente do Exército, para se combater o tipo de violência que ronda os grandes centros urbanos. “Minha preocupação é que o Exército não é preparado para enfrentar o narcotráfico e nem para lidar com bandido em favela. Ele é preparado para defender a soberania nacional contra possíveis inimigos externos”, explicou.

“Você colocar o Exército em uma tarefa dessa, sem prepará-lo, o que pode acontecer é que, depois do espetáculo, o resultado seja negativo”, ponderou.

Para Lula, a violência está ligada à ausência de políticas públicas como educação, qualidade de vida e emprego. “Se o Estado não está presente com políticas públicas nos lugares mais pobres, seja no Rio de Janeiro ou em qualquer lugar, a violência aparece com mais frequência”, frisou.

“É preciso que a gente tenha clareza que mais ou menos violência está ligado à capacidade de desenvolvimento do estado, e o Rio de Janeiro está empobrecido, a grande vítima da crise é o Rio”, afirmou Lula, lembrando que o estado diminui muito a arrecadação com o desmonte na indústria naval e da Petrobras.


Benildes Rodrigues

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