O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que Jair Bolsonaro não tem condições de liderar o país para atravessar a atual pandemia do coronavírus. Ele criticou a atuação do governo na crise sanitária e lamentou o fato de Bolsonaro não conseguir sequer saber montar uma equipe. “O presidente da República é ignorante. Se não é, gosta de ser ignorante, faz tipo de ignorante. Fala para fanáticos. O presidente tem um círculo de pessoas que é assim, são os milicianos, que ele arregimenta há mais de 30 anos, pessoas fanáticas”, criticou.
Lula lembrou que, desde o início da crise do Covid-19, Bolsonaro fez questão de menosprezar a doença e se comportou como se a pandemia não fosse um grave problema de saúde. “Ele começou não acreditando na crise – ‘é uma gripezinha’, ‘se pegar num cara como eu que sou atleta, não vai acontecer nada’, ‘vai matar apenas velhinho de 90 anos’. E muita gente acreditou”, advertiu.
O ex-presidente recomendou que o Palácio do Planalto deveria ouvir especialistas e homens da ciência. Para Lula, o governo deveria promover reuniões com autoridades e a comunidade acadêmica para estabelecer uma estratégia de combate ao vírus.
Lula também lembrou que o verdadeiro líder é aquele capaz de ouvir as pessoas, inclusive os governadores e secretários de saúde para discutir soluções em conjunto. Infelizmente, nada disso aconteceu. Pelo contrário. O Ministério da Saúde é comandado por um general de três estrelas do Exército e o governo entregou 11 pastas aos militares e colocou 3 mil militares de baixa patente em segundo e terceiro escalão.
Governo militarizado
“Na falta de pessoas competentes, ele escuta os filhos e chama militares. É como se os militares fossem semideuses, como se resolvessem alguma coisa”, criticou Lula. “Os militares governaram este país desde a Proclamação da República e nunca deram resultado” Só o exercício da democracia, acrescentou, pode resolver os problemas brasileiros.
Lula lamenta que o atual presidente da República seja o primeiro a promover um pensamento anticientífico, fora do senso comum, incentivando uma rebeldia intelectual em detrimento do conhecimento e da ciência.
Ele ressalta que Bolsonaro “não fez nada”, a não ser criticar as pessoas com pensamento cientifico e, em vez de ser orientador, criando “uma certa desordem” no país. E, lembrou, coube à oposição e aos movimentos sociais pressionarem o Congresso Nacional por soluções que minimizassem os efeitos da pandemia. Bolsonaro sequer queria pagar um auxílio emergencial de R$ 600. O governo queria empurrar uma ajuda de R$ 200.
As declarações do ex-presidente da República foram dadas em transmissão na internet por ocasião dos 30 anos de fundação da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços da CUT (Contracs-CUT), celebrado nesta quarta-feira, 15 de julho.
A live teve a participação da secretária-geral da CUT, Carmen Foro, do presidente da Contracs, Julimar Roberto, e do vice-presidente da CUT, Vagner Freitas, além de Tereza Campello, ex-ministra de Desenvolvimento Social do governo Dilma.
Por PT Nacional
Foto: Ricardo Stuckert