Em entrevista à rádio Capital, de São Paulo, nesta terça-feira (18), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou que irá provar a sua inocência. “Não vou permitir que difamem a minha história com uma mentira deslavada”, afirmou o ex-presidente, manifestando a sua indignação contra a sentença proferida pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba.
“Eles estão julgando o meu mandato de oito anos”, disse Lula. “Vou continuar brigando e tenho certeza que esse processo foi uma grande farsa. Uma grande mentira”, completou.
“Não vou, depois de 70 e poucos anos de vida, permitir que meia dúzia de jovens mal-intencionados venham tentar jogar a minha imagem na lama”, declarou ele, reforçando que vai recorrer e voltando a criticar a atuação da Operação Lava Jato no âmbito de Curitiba.
“O juiz Moro não pode continuar se comportando como um czar. Ele faz o que quer, quando quer, sem respeitar o direito democrático, sem respeitar a Constituição. E não deixa a defesa falar”, rebateu o ex-presidente.
Lula foi enfático ao afirmar que o processo é um julgamento político que foi desencadeado com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff sem crime de responsabilidade. “Eles deram um golpe [para a saída de Dilma]. Se eu voltar, o golpe não fecha”, disse.
O ex-presidente enfatizou que a Lava Jato julga os seus oito anos de mandato. Lula enfatizou que já provou que sabe governar esse país e que deixou o governo, em 2010, com mais de 80% de aprovação.
“Quero provar que o Moro errou, que a equipe da Lava Jato errou. Mentiram demais… A desgraça de quem conta a primeira mentira é que obrigado a contar milhares para justificar a primeira. Cabe a mim insistir que eles erraram”, destacou.
Ao comentar a conjuntura política, Lula voltou a defender eleições diretas. Para ele, Michel Temer não tem mais condições de governar e deveria renunciar, convocando eleições. “Esse país não pode ficar meses esperando uma eleição. A única coisa que pode acontecer aqui é antecipar eleições. Vamos transferir a responsabilidade para o povo outra vez. Não tem milagre”, frisou.
Ao ser questionado sobre a tese propagada pela direita durante o golpe de que o governo da presidenta Dilma seria responsável pela crise, Lula afirmou que a ex-presidenta cometeu erros, como tentar fazer desonerações em setores da indústria, mas destacou que ela “tentou fazer alguma reforma no tempo certo”.
“A diferença é que ela tinha na presidência da Câmara um Eduardo Cunha [deputado federal cassado, do PMDB-RJ]”, lembrou Lula, em referência a paralisação do Câmara dos Deputados, durante os três meses que antecederam o impeachment. “O que está provado agora é que o problema do Brasil não era a Dilma”.
“Seria importante voltarmos a dezembro de 2014, quando o Brasil teve o menor índice de desemprego de sua história. Dilma terminou primeiro mandato dela numa situação invejável”, salientou. “Aqueles que deram um golpe falando que o país iria virar um paraíso deixaram o país pior. Aumentou nossa dívida fiscal, aumentou o desemprego e as incertezas”, disse o ex-presidente.
Ao encerrar a entrevista, Lula voltou a reafirmar que vai continuar lutando. “Eles mexeram com uma pessoa que herdou de uma mãe analfabeta o direito de andar de cabeça erguida. Eu vou lutar até às últimas consequências. Eu quero provar que o Moro errou, que o Ministério Público errou. Eles me condenaram por uma decisão política deles”, disse Lula, destacando que sonha em ver a Globo colocar o âncora William Bonner para pedir desculpas pelos ataques ao ex-presidente.
Portal Vermelho