Lula: “A economia brasileira vai crescer pelo menos 3% em 2024 e superar as expectativas”

Um novo Brasil: "Em todas as áreas, a gente está investindo o dobro do que foi investido no governo do cidadão", disse Lula Foto: Ricardo Stuckert

Ao jornalista Kennedy Alencar, da RedeTV!, presidente também falou sobre tentativa de golpe no Brasil e genocídio na Faixa de Gaza;

Em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, da RedeTV!, na terça-feira (27), o presidente Lula afirmou que a economia brasileira vai crescer pelo menos 3% em 2024 e que, à semelhança do ano passado, vai superar as expectativas. Entre outros avanços nesse sentido, ele destacou a abertura de novos mercados para produtos brasileiros no exterior, um volume de investimentos federais duas vezes maior que o realizado pelo governo passado e a previsão de o país chegar em março com pelo menos R$ 100 bilhões investidos pela indústria automotiva.

“Os pessimistas, aqueles avalistas de prejuízo, aqueles avalistas de desgraça, ‘ah, não, porque não vai crescer, porque as coisas estão ruins’. Primeiro, vai crescer. Nós vamos crescer mais do que qualquer previsão. Nós vamos chegar a três [por cento] ou um pouco mais de crescimento este ano. E por que nós vamos crescer? Porque as coisas estão acontecendo. Você pode pegar qualquer área do governo, qualquer área, escolhe uma área que o senhor tem e vamos pesquisar. Em todas as áreas, a gente está investindo o dobro do que foi investido no governo do cidadão”, disse o presidente.

Lula ressaltou que 2023 foi o ano da reconstrução das políticas públicas e dos investimentos que foram destruídos, incluindo a paralisação de 187 mil obras, a partir do golpe de 2016. Ele afirmou que 2024 “é o ano da colheita”.

“Agora é que a gente vai começar a colher aquilo que nós plantamos. Eu vou te dar um exemplo: só mercado externo para a agricultura brasileira, nós abrimos, só no mês de janeiro, 14 novos mercados e, no mês de fevereiro, já abrimos 6. No ano inteiro [2023], já abrimos 62 novos mercados para exportar as nossas carnes e os nossos produtos agrícolas”, destacou.

Lula prosseguiu: “Você sabia que, agora, nesse mês de março, entre fevereiro e março, nós vamos ter um anúncio de mais de 100 bilhões de reais de investimento na indústria automobilística brasileira, que fazia décadas que não fazia investimento?”, disse. “Então, todo dia tem uma empresa anunciando que vai investir 12 bilhões de dólares, 1 bilhão de dólares, 3 bilhões de dólares, ou seja, nós vamos chegar a 100 bilhões de reais de investimento na indústria automobilística. Esse novo período é uma coisa extraordinária”.

Além disso, ele ressaltou que a economia brasileira também vai se beneficiar do grande potencial do país em fontes de energia limpa. “Você sabe o que vai acontecer na questão energética desse país? O Brasil é efetivamente o centro do mundo quando a gente discute a questão climática e a questão energética. O Brasil tem um potencial extraordinário”, pontuou.

Golpe de Estado

Durante a entrevista, Lula criticou o comportamento de Jair Bolsonaro, que, após confessar que discutiu um plano de golpe de Estado, pediu anistia para os terroristas que, antes dele, já foram condenados e presos pelos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. “Quando o cidadão lá pede anistia, ele está dizendo: ‘Não, perdoe os golpistas’. Está confessando o crime”, enfatizou.

Ao rechaçar a ideia de anistia, Lula fez uma fala dirigida diretamente a Bolsonaro: “Você primeiro vai ser julgado. Você cometeu muita barbaridade. Você vai ser julgado, você vai ser apreciado, você vai ter o seu advogado de defesa. Eu só quero que você tenha a presunção de inocência que eu não tive. Eu quero que você tenha para você dizer o que você fez, o que você não fez, é um direito seu, é um direito da democracia, e é isso que eu garanto. Com meu melhor amigo, com meu pior inimigo, o direito de defesa pleno, mas tem que ser ouvido”.

Lula também ironizou o pedido de anistia feito pelo ex-presidente golpista, o classificou como “covarde” e disse que ele não tem outra saída a não ser responder pelos diversos crimes que cometeu.

“Vai pedir anistia? Quer apagar a bobagem que fez? A bobagem é que ele se acovardou, pensou o golpe, não teve coragem, foi embora para os Estados Unidos com antecedência, achando que ia acontecer e que a sociedade iria sair todo mundo apavorado, e ele iria voltar dos Estados Unidos ungido pelas massas, o que não aconteceu. O que aconteceu é que as instituições assumiram a resposta dada pela democracia, e você agora está num processo de investigação”, disse o presidente.

Ele prosseguiu: “Você prestou o primeiro depoimento seu, vai prestar outro depoimento. Eu sei que quando o cara é covarde, ele não fala. Quando o cara é covarde, e ele vai prestar depoimento, o advogado fala ‘não fala nada, não fala nada’. E eu sei que ele foi lá e ficou quietinho com a boca fechada. Porque ele fala bobagem o dia inteiro. Ele falava bobagem quando era presidente de manhã, de tarde e de noite. Ele levantava 4 horas da manhã para fazer a fake news dele. Agora, no processo, ele chega lá todo fino. Ou seja, não. Primeiro vai ser julgado”.

Genocídio na Faixa de Gaza

Durante a entrevista, Lula foi questionado se faria algum reparo na declaração que havia feito sobre a semelhança entre genocídio que vem sendo cometido pelo governo de Israel contra os palestinos na Faixa de Gaza e a decisão do regime nazista de exterminar os judeus. Ele manteve a afirmação e voltou a lembrar que, em nenhum momento, usou o termo “holocausto”.

“Eu diria a mesma coisa. Por quê? Porque é exatamente o que está acontecendo na Faixa de Gaza. A gente não pode ser hipócrita de achar que uma morte é diferente da outra. Ou seja, você não tem na Faixa de Gaza uma guerra de um exército altamente preparado contra um exército altamente preparado. Você tem, na verdade, uma guerra de um exército altamente preparado contra mulheres e crianças. Porque das 100 mil pessoas feridas, você tem 30 mil mortos, 80% mulheres, 8 mil crianças, além de 8 mil desaparecidos”, afirmou.

“Quantas pessoas do Hamas já foram apresentadas mortas? Ou seja, você inventa determinadas mentiras e passa a trabalhar como se fosse verdade. Primeiro que eu quis dizer nem a palavra holocausto. O holocausto foi a interpretação do primeiro-ministro de Israel, não foi minha. A segunda coisa é o seguinte: morte é morte. Morte é morte”, continuou o presidente.

Ele também lembrou que o governo brasileiro foi o primeiro a condenar “o gesto terrorista do Hamas”. “Mas eu não posso condenar o gesto terrorista do Hamas e ver o Estado de Israel, através do seu exército, do seu primeiro ministro, fazendo com inocentes a mesma barbaridade, ou seja, o que é que nós estamos clamando? Olha, que pare, que pare os tiroteios, que permita que tenha a chegada de alimento, de remédio, de médico, de enfermeiro, para que a gente tenha um corredor humanitário e tratar das pessoas. É isso”, declarou Lula.

Da Redação da Agência PT

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