Foto: Gustavo Bezerra/PT na Câmara
Em pronunciamento na tribuna da Câmara, na quinta-feira (19), o deputado Luiz Couto (PT-PB) citou reportagens sobre o escândalo do chamado “propinoduto tucano” e cobrou a instalação de comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar o caso que envolve formação de cartel e superfaturamento de licitações do metrô de São Paulo.
O parlamentar petista leu trechos da matéria “A conta Secreta do Propinoduto”, da revista Isto É, edição número 2284, que denuncia o esquema de movimentação financeira do cartel do qual faziam parte as multinacionais Siemens e Alstom. “O valor de 20 milhões de Euros passou pela chamada conta da propina, durante quatro anos, beneficiando tucanos ligados ao escândalo do metrô. Este dinheiro para os tucanos saiu, segundo a revista, de uma conta intitulada conta Marília, aberta no Multi Commercial Bank, em Genebra. Essa conta foi usada para subornar gestores públicos”, disse Couto.
O deputado informou que o Ministério Público já tinha identificado contas em bancos de Nova Iorque (EUA) e de Luxemburgo, além de ter apurado detalhes da operação do cartel. “Eram empresas da área de transporte sobre trilhos, com um esquema de troca de informações com objetivo de não deixar rastros das falcatruas. Eram criados e-mails em um serviço gratuito e as senhas eram encaminhadas para integrantes de outras companhias que estavam envolvidas no esquema. Ali se combinavam preços, superfaturamentos de licitações e pagamentos de comissões. Os e-mails fantasia eram usados para não deixar rastros, e as perguntas e respostas eram gravadas na pasta de rascunhos e posteriormente apagadas”, explicou Luiz Couto.
Na opinião do parlamentar, a demora para surgir a denúncia não vai impedir a adequada apuração do caso. “A verdade pode demorar a surgir, mas ela surgirá como farol que lança suas luzes para o mar e para a terra. Com a aprovação de uma CPI para investigar o Tremsalão, teremos a oportunidade de demostrar como o processo de corrupção está espalhado por todo nosso país”, cobrou, alertando que o Ministério Público e o Tribunal de Contas de São Paulo encontraram fortes indícios de que o esquema do metrô continua a operar.
“São contratos em vigor firmados por José Serra e Geraldo Alckmim que estão sendo analisados profundamente. São contratos que foram assinados em 2008 e 2009 para reformar os trens das linhas 11 (azul) e as linhas 3 (vermelhas) que estão ainda em vigor”, afirmou.
“Como os gafanhotos que devastam e destroem a boa plantação, assim são os corruptos. Os alvos principais das investigações que buscam desvendar as suspeitas de formação de cartel, corrupção, lavagem e pagamento de propina pelo consórcio encabeçado pela alemã Siemens e a francesa Alstom, em 23 anos de negócios com o governo de São Paulo, estão se desvendando em linhas retas, estreitas e com sua locomotiva lenta”, prosseguiu Couto.
O parlamentar criticou, ainda, o papel da imprensa – bastante seletiva na escolha dos assuntos para destacar – em relação ao tema. “É importante mencionar uma denúncia do blog chamado transparência São Paulo, de que a chamada grande imprensa não está cumprindo seu papel de fiscalizadora do poder público estadual com o mesmo zelo que sempre cumpre junto ao Governo Federal. De forma geral, as denúncias de corrupção são noticiadas pela imprensa de forma pulverizada, sem nenhum destaque e nenhuma continuidade na apuração dos fatos. Esta forma de cobertura jornalística, nitidamente, responde apenas às disputas, chantagens e intrigas de grupos políticos rivais alojados dentro do Governo do estado”, concluiu Luiz Couto.
Rogério Tomaz Jr.