Foto: Gustavo Bezerra
O deputado Luiz Couto (PT-PB) discursou sobre a “espetacularização” em torno das investigações que envolvem corrupção no Brasil. “ O acontecimento tem que ser grandioso para ser espetaculoso, não só porque vende mais, rende mais, lucra mais, mas porque esconde as estruturas que estão por trás da vida televisiva espetacularizada, esconde os grandes interesses que não querem ser revelados”, analisou.
Para o deputado, a corrupção é o espetáculo da vez no Brasil. “A agenda monotemática da corrupção hegemoniza o noticiário de grandes jornais e revistas semanais, de emissoras de TV, de redes de rádio e de sites e blogs, sendo que entre esses últimos, que são os meios mais democratizados de comunicação social, apenas reproduzem as ondas do espetáculo, sem saber a que interesses estão servindo nesta agenda única”, considerou.
Ainda na avaliação do deputado, “os donos do espetáculo” não têm interesses em dissecar os números da corrupção atual. “Por exemplo, há estimativas que dão conta de um rombo de 1 bilhão de reais na corrupção cometida contra a Petrobras…. Mas estudos feitos na Fundação Getúlio Vargas indicam que ano a ano a corrupção sangra dos cofres públicos a bagatela de 100 bilhões de reais”, afirmou.
Para Luiz Couto, é preciso se indagar porque, neste momento o espetáculo da corrupção é só aquilo que diz respeito à maior estatal do país? “O espetáculo é seletivo porque há grandes interesses contra esta empresa, desde o jogo com o valor das ações, passando pelo objetivo de privatização do Pré Sal”, considerou.
Holofotes – Ele exemplificou ainda que as denúncias da Operação Lava Jato atingem mortalmente o Partido Progressista (PP) no Rio Grande do Sul, que apoiou integralmente a candidatura oposicionista de Aécio Neves. Atingem também o próprio PSDB, pelo seu ex-presidente que foi acusado de ter recebido 10 milhões em 2010 para ajudar a sepultar exatamente uma CPI para investigar corrupção na Petrobras. No entanto, vaticinou, “o espetáculo da corrupção põe os holofotes e as câmeras sobre o PT não só porque há petistas entre os denunciados, ou obviamente porque o partido está no governo central do país. A lupa sobre o PT esconde interesses políticos imediatos que vão muito além do combate à própria corrupção.
Querem, a todo custo, tirar o PT do poder central e, se possível, criminalizando o partido como um todo”.
Para Luiz Couto, poderosos setores da elite empresarial do país, incluídos os patrões da grande mídia, os partidos da oposição em escala nacional e figuras do Judiciário formam uma ampla coalizão política conservadora, “uma espécie de leninismo pós-moderno das elites, que perdeu as eleições, perdeu nas ruas e nas urnas, mas quer desconstruir a vitória eleitoral de Dilma Rousseff e do PT”.
No entanto, acredita, “o espetáculo da corrupção no Brasil tem um outro propósito elitista, mais profundo, mais estrutural, mais antigo e de longo prazo: destruir a experiência em construção de um modelo social e econômico alternativo ao velho liberalismo”, concluiu.
PT na Câmara