Lideramos o ranking mundial de ingestão de venenos – Valmir Assunção

valmirassuncao_artigoO nosso país está prestes a alcançar uma controversa liderança: diante da alta de preço das commodities, o Brasil deve ser o primeiro lugar em arrecadação nas vendas de defensivos agrícolas, ultrapassando os Estados Unidos. Estima-se um crescimento em 10% no mercado brasileiro, com vendas superiores a US$ 8 bilhões, aproximadamente R$ 12,4 bilhões.

As informações são da Radioagência NP. Segundo a reportagem, o mercado brasileiro registrou US$ 7,3 bilhões aproximadamente R$ 11,3 bilhões – em venda de agrotóxicos no último ano.

Dados da consultoria alemã Kleffmann mostraram que o Brasil teve um aumento do consumo de agrotóxicos de 1,5% entre 2004 e 2009, sendo que as lavouras em que se concentram as maiores vendas de agrotóxicos no Brasil são a de soja com 44%, seguida pelo algodão com 11%.

No mesmo período, os EUA reduziram seu consumo de venenos em 6%. Vale lembrar que os estadunidenses possuem uma área cultivada 50% maior que a brasileira e produz três vezes e meio mais grãos que a nós.

Como se não bastasse, segundo dados da Organização das Nações Unidas, pelo menos dez variedades de agrotóxicos vendidos livremente aos agricultores no Brasil, não circulam na União Européia e Estados Unidos. Ou seja, somos um dos principais destinos de venda de venenos que são proibidos em outros países.

A indústria de agrotóxicos no Brasil é poderosa e concentrada: Dominada por apenas 13 empresas, elas são responsáveis pela movimentação de cerca de US$ 48 bilhões ao ano no mundo e US$7,1 bilhões no Brasil. Em 2009, o país contava com 2.195 marcas de agrotóxicos registradas, relacionadas a 434 tipos de agrotóxicos. Naquele ano, foram vendidas 789.974 toneladas de defensivos.

Não existe uso seguro destes venenos em nosso País. Os agrotóxicos são impostos pelo agronegócio para a manutenção do latifúndio, à revelia dos impactos à saúde humana e para o meio ambiente. Mais de um bilhão de litros de venenos foram jogados nas lavouras, de acordo com dados oficiais. Doenças, reações alérgicas e até mesmo a morte de agricultores e consumidores de alimentos já são registrados em alguns Estados brasileiros.

Precisamos aumentar o quadro técnico de servidores da Anvisa, responsáveis pela fiscalização e avaliação destes venenos. Este órgão conta apenas com 23 técnicos e quatro gestores, quadro numérico que limita a atuação do Estado frente ao problema. Eles sofrem até da própria Justiça que cada vez mais interfere com ações judiciais impetradas por empresas fabricante de agrotóxicos contra a própria Anvisa e suas avaliações técnicas.

Como parlamentar, participo da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida. Precisamos estimular a agroecologia como alternativa e isso significa optar por outro modelo de desenvolvimento no campo brasileiro, que garanta alimentos saudáveis para a nossa população.

(*) Deputado federal (PT-BA), vice-líder do PT na Câmara e militante do MST.

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Postagens recentes

CADASTRE-SE PARA RECEBER MAIS INFORMAÇÕES DO PT NA CÂMARA

Veja Também