O líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), reuniu-se nesta segunda-feira (6) com o chanceler Mauro Vieira com o objetivo de apresentar uma agenda de integração elétrica entre Brasil e Bolívia, além da implementação de vários projetos de cooperação na área fronteiriça. Segundo o líder, esses temas podem ser detalhados pela presidenta Dilma Rousseff e o presidente Evo Morales no próximo dia 17, em Brasília, durante a 47º Cúpula de chefes de Estado do Mercosul.
Sibá recordou que ambos os governos têm tratado de projetos na área fronteiriça e chegaram a firmar alguns memorandos. “ Mas chegou a hora de dar um impulso maior aos entendimentos, pois a cooperação no setor elétrico interessa tanto à Bolívia como ao Brasil’’, disse o líder. Um dos eixos seria a construção de duas hidrelétricas, uma binacional, no trecho boliviano do rio Madeira, e outra em território do país vizinho.
“Trata-se de uma agenda que se coaduna com os interesses dos dois países; no caso, do Brasil, em especial, para a nossa segurança energética, o desenvolvimento da região fronteiriça e a integração da infraestrutura’’, disse o líder. A hidrelétrica binacional teria capacidade de 3 mil megawatts, e a outra, em território boliviano, 900 quilowatts.
Memorando – O líder do PT entregou ao chanceler um documento em que propõe a assinatura de um memorando de entendimentos entre a Eletrobrás e sua congênere boliviana, a Ende, para que possam realizar estudos de viabilidade técnica e econômica para os empreendimentos sugeridos. Os conselhos de administração das duas entidades já trataram do tema em março deste ano. As agências reguladoras do setor elétrico dos dois países, Aneel e AE, também já assinaram convênios.
O líder do PT observou que a cooperação no setor elétrico insere-se num projeto maior de cooperação entre o Brasil e Bolívia, com benefícios diretos para os estados do Acre e de Rondônia. Os lagos a serem formados pelas hidrelétricas, por exemplo, poderão ser usados para a criação de peixes, com base em experiência que vem sendo implementada no Acre, envolvendo governo, empresas e comunidades locais. Acre produz até 23 mil toneladas de peixe por ano, e a meta é chegar a 100 mil toneladas.
O presidente da Bolívia, Evo Morales, foi ao Acre em maio, juntamente com o ex-presidente Lula, para visitar o Complexo Agroindustrial do Peixe, uma das marcas do governo Tião Viana (PT). Esse projeto visa a dinamizar a economia do estado do Acre, que planeja tornar-se um dos maiores produtores de pescado do mundo.
Segundo Sibá, os bolivianos têm interesse na experiência e, a depender do desenrolar da cooperação no setor elétrico, o modelo de piscicultura desenvolvido no Acre poderá ser replicado. Os bolivianos têm interesse também em cooperação técnica, e a Universidade Federal do Acre e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre poderão atuar.
O líder destacou também a importância da construção da Ferrovia Transoceânica, projeto a ser desenvolvido em parceria com os chineses, com benefícios diretos aos estados do Acre, Rondônia e Mato Grosso. “Todos os projetos para incrementar a economia da região sob influência da ferrovia, inclusive as parcerias com a Bolívia, poderão se beneficiar com a obra, que nos dará acesso direto aos mercados da Ásia, via Peru”, comentou Sibá Machado.
Equi PT na Câmara
Foto: Gustavo Bezerra/PT na Câmara
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