O líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Paulo Lula Pimenta (RS), visitou na manhã desta segunda-feira (6) os seis militantes de movimentos sociais que estão em greve de fome há sete dias reivindicando a libertação de Luiz Inácio Lula da Silva e denunciando o caos social por que passa o País. Durante a visita, o líder, além de querer saber das condições físicas do grupo em greve de fome, fez um breve relato das articulações para a escolha do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad como candidato a vice-presidente na chapa de Lula.
“Fechamos uma coligação formal com o PCdoB já no primeiro turno. Houve um entendimento que, enquanto a gente estiver nesse processo de indefinição jurídica, é melhor que a pessoa que fale pelo PT e pelo Lula seja alguém do partido e que tenha uma maior proximidade com o presidente. Como o Haddad, na condição de advogado, pode entrar e falar com ele, chegou-se à conclusão, juntamente com o PCdoB, de que seria melhor que Haddad fosse indicado como vice. Foi ainda assumido um compromisso com o PCdoB: na medida em que for resolvida a questão legal, o PCdoB continuará compondo a chapa, tanto na hipótese de ficar o Lula ou em outro cenário”, explicou Pimenta.
Depois de fazer o relato, Pimenta pediu aos militantes em greve de fome para falar sobre o protesto que fazem há sete dias. São eles Jaime Amorim, Vilmar Pacífico e Zonália Santos (do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST), Rafaela Alves e Frei Sérgio Görgen (do Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA) e Luiz Gonzaga, o Gegê (da Central dos Movimentos Populares – CMP). Nesta segunda-feira, mais um militante se soma à greve: Leonardo Armando, do Levante Popular da Juventude. Todos eles estão no Centro Cultural de Brasília.
Representando a CMP, Gegê disse ao líder da bancada que apesar da debilidade física todos os militantes estão preparados caso a greve de fome se prolongue. “Se for necessário, estamos preparados para uma greve mais longa. Por isso, a necessidade de a gente economizar energia, até sair a posição do STF (sobre a libertação de Lula) ”, ressaltou. Gegê destacou ainda que “a responsabilidade sobre qualquer tipo de problema ocorra com qualquer um de nós e dos ministros do STF, especialmente de Carmem Lúcia (presidente da Corte) ”.
Já o Frei Sérgio Görjen relatou que os militantes têm se alimentado “de afeto e de solidariedade, e que isso tem movido os militantes a lutar contra a injustiça promovida pelo judiciário contra o ex-presidente Lula e também o povo brasileiro”. Segundo Frei Sérgio, essa injustiça tem a face de retrocesso social e contra a democracia. “Uma é a da fome, da volta das epidemias, do desemprego em massa, da carestia de preços, como ocorre com o gás e a comida, e a venda do patrimônio público ao capital estrangeiro, com a destruição da Petrobras e a entrega do nosso petróleo”, observou.
A outra face da injustiça, segundo Frei Sérgio Görjen, “é o Judiciário mantendo enjaulado em Curitiba a esperança do povo, que é o presidente Lula”. “O Lula realmente cometeu o crime, mas não foi aquele que o acusam, mas sim o de ajudar as pessoas saírem da miséria, de terem emprego, de acabar com a fome, de acesso escola, melhoria da saúde, e colocar a riqueza do País em benefício das pessoas. O Lula está preso porque beneficiou os pobres e cumpriu o que diz a Constituição: que é missão do Estado brasileiro erradicar a pobreza”, relembrou.
O militante Jaime Amorim, relatou que, apesar da situação extrema, “a causa é justa”, e ao se referir ao sétimo dia da greve de fome disse que “o corpo está desvalido, mas o espírito fortalecido”. “Sabemos da nossa missão e da nossa tarefa com o nosso projeto. Isso vai nos fortalecer e permitir que continuemos mais fortes. Não tem mais volta esse processo de luta pela liberdade de Lula”, afirmou.
A militante Rafaela Alves destacou que a greve de fome é parte do processo histórico de luta do povo oprimido brasileiro. “Somos parte dessa esperança e da resistência, do nosso povo indígena, camponês, assentado, sem-terra, povo de rua, de periferia, desempregado, mulheres, jovens e os lgbts, que são violentados todos os dias”, afirmou.
Sobre essa responsabilidade, Zonália Santos informou que “o corpo não tem a mesma reação dos primeiros dias”, mas existe disposição “de ir até as últimas consequências”. “A nossa esperança é de ver nosso País livre, sem fome, sem miséria, sem injustiça e com Lula livre. É por isso que lutamos”, disse.
Saúde – O médico que acompanha o estado de saúde dos militantes, Dr. Ronald Wollf, disse que todos os cuidados estão sendo adotados para garantir o bem-estar e reduzir os efeitos gerados pela greve de fome. “Eles estão ingerindo apenas água com sais minerais e medicamentos para náusea, vômito, dor de cabeça e crise hipertensiva, porque alguns precisam. Temos também uma rede de apoio de saúde mental, com psicólogos, e a Rede Nacional de Médicos Populares tem ajudado inclusive com práticas como acupuntura”, relatou.
Héber Carvalho