Líder do PT lembra importância da imprensa na formação do povo brasileiro

folha_PTeixeiraA Câmara dos Deputados homenageou nesta terça-feira (22) o jornal Folha de S. Paulo pelos 90 anos comemorados no último sábado. O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), ao discursar na cerimônia, elogiou a democracia por garantir a liberdade de expressão e opinião no país.

“Hoje, vivemos plena liberdade de imprensa. Na maior parte do tempo, nossa imprensa padeceu de censura, perseguições, com mártires como Vladimir Herzog. Por isso, num cenário como o de hoje, de plena liberdade, temos mais um motivo para aplaudir os 90 anos da Folha”, disse o líder. O lider ressalvou , entretanto, que não deve ser obscurecido o fato de, “em mais de um momento, divergimos deste jornal, quando ele resolveu assumir projetos que colidiam com os nossos”.

Paulo Teixeira lembrou ainda uma passagem de um artigo da presidenta Dilma, publicado domingo na própria Folha: “Estamos fazendo as escolhas certas: o Brasil combina a redução efetiva das desigualdades sociais com sua inserção como uma potência ambiental, econômica e cultural. Um país capaz de escolher seu rumo e de construir seu futuro com o esforço e o talento de todos os seus cidadãos”.

Para o líder, a imprensa tem um papel importante neste processo, se souber canalizar suas energias para ajudar na formação do povo brasileiro, na construção de um país democrático, plural, sem abrir mão de sua independência.

Leia a íntegra do discurso:

Colegas parlamentares,

Comemoramos nos último sábado os 90 anos da Folha de S. Paulo. A trajetória do jornal paulista é inseparável da história do jornalismo brasileiro. O jornal trouxe grandes inovações, aprendendo e ensinando com grandes profissionais. Destaco o papel da Folha nas grandes mobilizações sociais que marcaram o fim da Ditadura Militar.

Naquele momento, as forças populares engajadas na campanha das Diretas Já puderam contar com a Folha de S. Paulo e com outros meios de comunicação que em diferentes graus se engajaram no apoio às mobilizações que dariam fim ao regime militar.
Destaco portanto a participação da Folha na campanha das diretas, mas registro também sua trajetória ao longo do processo de abertura do regime militar, compreendido entre 1975 e 1985.

A ascensão de Cláudio Abramo ao posto de editor chefe do jornal, em 1975, transformou a história da Folha, do ponto de vista gráfico e jornalístico. O jornal então tornou-se uma  referência num momento de abertura do País, embora em 1977 tivesse de se ajustar às circunstâncias, mas sem perder de vista o modelo que já se mostrava vitorioso. Foi esse modelo, de jornal plural e democrático, comprometido com a democracia, que tornou a Folha uma referência naquela quadra histórica.

Quero aproveitar para lembrar o papel de Octávio Frias de Oliveira, o seu Frias,que se tornou um dos mais importantes empresários da comunicação do Brasil e transformou a Folha em um jornal dos mais influentes do País. Frias foi proprietário do Grupo Folha da Manhã, responsável por editar a Folha de S. Paulo, o jornal Agora, o Universo Online (UOL), o Instituto Datafolha, a Editora Publifolha, a Gráfica Plural e o jornal Valor Econômico, em parceria com as Organizações Globo. Octavio Frias faleceu em 29 de abril de 2007.

Num momento em que as novas mídias alteram o modo de operar dos conglomerados de comunicação e que a tecnologia aponta um novo rumo na forma de interagir do cidadão com os meios de comunicação, cabe registrar a digitalização de todo o acervo da Folha e de todos os outros que a antecederam, a “Folha da Manhã” e a “Folha da Noite”. Foram colocadas na  internet cerca de 1,8 milhão de páginas publicadas desde 1921 , englobando a Folha e as outras
duas publicações que a antecederam. Essa digitalização, por enquanto colocada à disposição dos internautas gratuitamente, suscita uma reflexão sobre a importância do acesso à informação, num momento em que se intensifica a discussão sobre os desafios da própria mídia diante das novas tecnologias, que geralmente têm uma componente pluralista e democrática e um grande potencial  para abalar opções autoritárias.

As novas tecnologias estão alterando as práticas tradicionais do jornalismo, elas supõem interação com os consumidores de notícias permitem cada vez mais iniciativa do simples cidadão e a pulverização das plataformas de comunicação. Labora, portanto, em erro, quem trabalha com a ideia de monopólio da comunicação.

Lembro também, aqui, palavras da presidenta Dilma Rousseff, pronunciadas ontem à noite, em evento comemorativo aos 90 anos do jornal. Uma imprensa livre, plural e investigativa é imprescindível na democracia. A multiplicidade de pontos de vista e a abordagem investigativa dos grandes temas de interesse nacional constituem requisitos indispensáveis para o pleno usufruto da democracia e o amadurecimento da consciência cívica de uma sociedade.

Disse ela: ´”Um governo que não sabe escutar nas críticas dos jornais a voz dos eleitores não consegue ter um compromisso real com a democracia. Porque a democracia exige o contraditório e a vigilância sobre os governantes (…). Ao comemorar o aniversário de 90 anos da Folha de S.Paulo, um grande jornal brasileiro, o que estamos celebrando é também a existência dessas liberdades no Brasil”.

O exercício do oficio da imprensa no Brasil nem sempre foi fácil. Daí a importância da democracia, que garante a liberdade de expressão e opinião. Hoje, vivemos plena liberdade de imprensa. Na maior parte do tempo, nossa imprensa padeceu de censura, perseguições, com mártires como Vladimir Herzog. Por isso, num cenário como o de hoje, de plena liberdade , temos mais um motivo para aplaudir os 90 anos da Folha.

Mas isso não deve obscurecer o fato de que em mais de um momento, divergimos deste jornal, quando ele resolveu assumir projetos que colidiam com os nossos.
Lembro ainda uma passagem de um artigo da presidenta Dilma, publicado domingo na própria Folha: “Estamos fazendo as escolhas certas: o Brasil combina a redução efetiva das desigualdades sociais com sua inserção como uma potência ambiental, econômica e cultural. Um país capaz de escolher seu rumo e de construir seu futuro com o esforço e o talento de todos os seus cidadãos”.

A imprensa tem um papel importante neste processo, se souber canalizar suas energias para ajudar na formação do povo brasileiro, na construção de um país democrático, plural, sem abrir mão de sua independência.

Paulo Teixeira – líder do PT na Câmara

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