Líder do PT diz que história será implacável com golpistas e afirma que relatório pretende desestabilizar o país

Afonso LulaMarques

 

Em discurso contundente, o deputado Afonso Florence (BA), líder do PT na Câmara, afirmou nesta segunda-feira (11) na comissão que analisa o processo de impedimento da presidenta Dilma Rousseff que o relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) está “contaminado na sua origem”. Isso porque “o texto tem o fim único de desestabilizar o País, a serviço dos interesses de Eduardo Cunha, de Michel Temer e de Aécio Neves”. Florence foi mais enfático ainda ao apontar que todos aqueles parlamentares que hoje fazem coro ao impeachment entrarão “para a história pela lata do lixo”.

“Mas temos a convicção de que o grito democrático de massas vai repercutir nessa Casa. A oposição golpista não tem dois terços de votos no plenário da Câmara. A consciência democrática nacional vai reverberar aqui dentro”, afirmou Florence. Ele esclareceu ainda algumas das motivações do golpe, cuja razão final é cortar conquistas econômicas e sociais – situação que está motivando um levante de massas contra o impeachment. “Isso é golpismo contra o povo pobre, contra o Bolsa Família, contra o voto popular”, disse.

Razão ainda mais espúria para o golpe é a de blindar a tríade Eduardo Cunha/Michel Temer/Aécio Neves das investigações de crimes dos quais são acusados. “É a imprensa que está dizendo, que existe um acordo político para blindarem [os três] e suspenderem as investigações que ocorrem no Brasil”. Ou seja – explicou Florence – querem acabar com o legado republicano – de autoria do PT – de permitir que as instituições prossigam com inquéritos e processos, independentemente dos réus.

Como contraponto a essa investida antidemocrática, o petista chamou a atenção para o levante de setores sociais, inclusive com a participação de muitos daqueles que fazem oposição ao governo, mas que divergem do retrocesso histórico que os golpistas pretendem impingir ao País. “Partidos, movimentos sociais, intelectuais e artistas estão por todo o Brasil dizendo: impeachment sem crime de responsabilidade é golpe, é golpe doloso, é traição ao País. O povo mobilizado vai lutar por suas conquistas”, detalhou.

Afonso Florence traçou a linha que separa e distingue os dois grupos que se contrapõem em opiniões divergentes sobre o golpe: aqueles que o apoiam e aqueles que o rejeitam. “O Brasil está polarizado entre os golpistas em torno do DEM, do PSDB e do relatório do relator – iníquo e rebaixado aos interesses golpistas. De um lado, é isso! Do outro, é um movimento da consciência nacional democrática dizendo não ao golpe. E os golpistas são vossas excelências. O povo não vai aceitar!”.

O parlamentar mostrou que esse movimento democrático de massas se ergue em defesa da legalidade democrática e do devido processo legal que estão sendo desrespeitados na Câmara. Disse ainda que o mesmo movimento defende a continuidade das investigações de combate à corrupção, contudo, sem as ilegalidades e sem a contaminação política, como a que vem ocorrendo para legitimar a proposta de impeachment. Reforçou que essa contaminação do processo de impeachment, em sua gênese, deve-se diretamente ao presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha.

“O Brasil acompanhou a ‘pauta-bomba’ e a desestabilização política promovidas por Eduardo Cunha. Ao seu lado, estavam o PSDB e o DEM, que em dado momento chegaram a dizer que iriam obstruir os trabalhos da Câmara enquanto ele presidisse a Casa. Em seguida, como o governo e o PT não aceitaram blindá-lo na Comissão de Ética, eles decidiram repactuar com Eduardo cunha, porque têm a mesma origem política, porque haviam apoiado ele à Presidência da Câmara”, detalhou.

Aliado ao conteúdo golpista do relatório e da condução tendenciosa de Eduardo Cunha, o processo em curso para tomar o mandato da presidenta Dilma, segundo Florence, contou ainda com a traição do vice-presidente da República, Michel Temer. “Ele, como articulador político designado pela presidenta, conspirou não só contra Dilma, mas contra a democracia. Aliou-se a Aécio [Neves], aliou-se a Eduardo Cunha – o maior dirigente da oposição do Brasil hoje, candidato a vice-presidente na chapa do golpe liderada por Temer”.

PT na Câmara

Foto: Lula Marques

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