Líder do PT condena mentiras e hipocrisia e pede responsabilidade em torno do tema aborto

fernando ferro1O líder da bancada do PT na Câmara, deputado Fernando Ferro (PE), condenou hoje o que chamou de “histeria” daqueles que querem aproveitar o tema do aborto para dar uma conotação político eleitoral que não cabe. “Temos que ter responsabilidade. O que estamos ouvindo aqui na Câmara são declarações estapafúrdias, falsas, sobre procedimentos que o PT teria em relação ao tema. Temos um debate interno no partido sobre esse assunto, como existe na sociedade. Mas, estão utilizando o debate sobre o aborto como pano de fundo central na eleição presidencial de 2010″, afirmou Ferro.

De acordo com Fernando Ferro, os levantamentos feitos por instituições da área de saúde apontam o registro de 1,5 milhão de abortos realizados por ano no País oficialmente. Extraoficialmente, esse dado ultrapassa a casa dos 3 milhões. “O irônico é que a maioria das mulheres que fizeram aborto expressam ser da religião católica; em segundo lugar, são evangélicas e espíritas. Ou seja, há uma atitude muito cínica no tratamento dessa questão”, disse Ferro.

O líder do PT ressaltou que há uma lista “mentirosa” circulando e envolvendo o Partido dos Trabalhadores. “Eu tenho uma posição de princípio contra o aborto. Mas isso não impediu que o meu nome fosse colocado nesta lista mentirosa, elaborada por setores da Igreja Católica”, disse. Na avaliação de Fernando Ferro, soa estranho que esses setores fiquem silenciosos com relação à questão da pedofilia na Igreja Católica. “Por que não dão a mesma ênfase aos crimes que estão sendo praticados por religiosos contra crianças? Não vejo a indignação desses segmentos, que é correta, de um lado, mas não é do outro; são dois pesos e duas medidas. Há uma onda de hipocrisia muito grande”, disse.

“No debate sobre a descriminalização do aborto eu me posicionei. Imagine se for para levar na ponta do lápis essa sugestão de criminalizar 1,5 milhão de mulheres que praticam aborto por ano. Vai haver cadeia para prender esse povo todo? Qual é procedimento? Não é muito mais correto haver uma campanha de saúde pública para convencer as pessoas a não praticarem o aborto; para orientar jovens a não ter iniciação sexual precoce; para que haja preocupações com o resguardo contra contaminação de doenças sexualmente transmissíveis? Não é muito mais justo, mais correto e mais humano?”, questionou o líder do PT.

Para Fernando Ferro, os ataques estão sendo utilizados por motivação eleitoral. “Quem nos ataca esquece, ou faz ouvido de mercador, da norma estabelecida por José Serra quando era ministro da Saúde, de interrupção de gravidez para mulheres que foram estupradas, vítimas de violência sexual. A orientação do então ministro José Serra era curetagem até 12 semanas e utilização de medicação para interromper gravidez que fosse fruto de estupro ou de violência sexual. Não vejo esses segmentos, que estão agora querendo colocar essa matéria como central no nosso debate, discutir o assunto como uma questão de saúde pública”, ressaltou Ferro.

Ainda na opinião de Fernando Ferro, esse debate deve ser feito com tranquilidade. “É preciso orientar as pessoas a não fazerem aborto, a terem procedimentos corretos, a evitarem essa prática, mas não devemos querer criminalizar, satanizar e punir no limite. Acho correta a posição dos segmentos da Igreja Católica, que querem fazer essa discussão sem a sua exploração eleitoral – que é uma exploração canalha do tema, não é uma exploração correta de um problema grave, que diz respeito à morte de milhares de mulheres neste País”, ressaltou.

Gizele Benitz

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