O líder do Governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), avaliou nesta segunda-feira (16) que as manifestações de rua de sexta (13) e de domingo (15) em todo o País mandaram um recado ao governo federal, à oposição e ao Congresso Nacional de que o Brasil quer mudanças. Segundo Guimarães, a primeira manifestação teve um foco na questão econômica, mais relacionada ao ajuste e aos direitos trabalhistas; e a segunda, na questão política, mais voltada ao combate à corrupção. “O recado foi dado, e o governo e o Congresso precisam agir”, afirmou.
Ele ressaltou ainda a importância de estabelecer um diálogo com as ruas. Sobre as manifestações do dia 13, disse ser necessário dialogar com as centrais sindicais acerca das medidas provisórias que propõem alterações em questões trabalhistas. “As medidas não estão retirando direitos, mas é preciso fazer esse diálogo com as centrais, porque elas estão colocando questões importantes”.
Sobre o apelo de combate à corrupção, prevalente no domingo, Guimarães destacou a relevância de o Congresso fazer a reforma política, sem deixar escapar o debate sobre o atual modelo de financiamento empresarial e sobre uma necessária mudança para o financiamento público. “O combate à corrupção é também o combate a esse modelo de financiamento das campanhas”, sentenciou.
Nessa mesma linha, José Guimarães destacou que a presidenta Dilma Rousseff, segundo anúncio do próprio ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, deve enviar brevemente ao Congresso Nacional um pacote com medidas anticorrupção. Segundo fala do ministro nesta segunda-feira, o pacote estará concluído até o fim da semana e conterá mecanismos ainda mais eficazes para combater a corrupção e a impunidade. “O tema da reforma política e do combate à corrupção tem que ser sem tréguas”, completou o líder do governo.
Novo momento – José Guimarães afirmou também ser necessário fazer uma leitura mais minuciosa e atenta sobre esse momento da democracia e da política brasileira. “Ninguém pode chegar nesta Câmara a partir de agora com o mesmo sentimento da semana passada. Quem fizer isso, vai quebrar a cara. O País deu sinais importantes, é um novo quadro político”, avaliou.
Disse ainda que é preciso haver bom senso para preservar as instituições e principalmente a democracia. “É momento de espírito público e humildade”, definiu. Avaliou que, no padrão democrático construído no Brasil, não cabe “fazer política com rancor” ou insistir em que “tudo o que vem da oposição sempre é ruim, e que tudo o que vem da situação sempre é bom”. “Hoje a democracia estabeleceu outro patamar, e quem não entender isso vai passar batido”, afirmou o líder .
Pacto pelo Brasil – Nesse novo contexto, disse não ser coerente a oposição insistir na “luta fraticida” dentro do Congresso, porque ela é prejudicial ao Brasil. “A ideia de terra arrasada, que muitas vezes alguns líderes da oposição tentam transmitir, não é boa para o País”. O ideal, afirmou Guimarães, é construir pontes – por meio do diálogo e em prol de uma pauta política e econômica – que permitam garantir a governabilidade institucional, que depende tanto da situação como da oposição. “Isso é bom para a democracia; os grandes pactos políticos no passado se deram em torno disso”, completou.
Acerca da recomposição da base, que na semana passada garantiu ao governo a vitória de manter todos os vetos no Congresso Nacional, disse que o caminho é aperfeiçoar essa relação, sobretudo com o PMDB. Para dar continuidade a esse processo, José Guimarães anunciou que nesta terça-feira (17), às 8h30, haverá um café da manhã entres os líderes da base e o vice-presidente da República Michel Temer (PMDB), no Palácio do Jaburu, em Brasília.
PT na Câmara