A produção industrial brasileira caiu 0,5% em abril, após dois meses consecutivos de crescimento. Este recuo foi impulsionado principalmente pelo setor extrativo, que apresentou um desempenho abaixo do esperado. Entretanto, no acumulado do ano, a indústria vai bem e exibe uma expansão de 3,5%.
Os dados foram divulgados na última quarta-feira, 5 de junho, na Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apesar da queda, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) reconhece os sinais positivos de recuperação econômica no país, enquanto, por outro lado, alerta para os prejuízos causados pela taxa básica de juros (Selic) aplicada pelo Banco Central. “Os efeitos benéficos da flexibilização monetária podem ser limitados devido à deterioração recente das expectativas em relação à taxa Selic para o final do ano”, destaca a federação, em nota. A entidade reforça a necessidade de juros mais baixos para sustentar o avanço econômico e atrair investimentos.
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Obstáculo ao crescimento
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central empossado durante o governo Bolsonaro e que continuará no cargo até o final de 2024, é alvo de críticas de todos os lados por manter a taxa elevada – hoje está em 10,5% ao ano. E justifica a decisão usando como argumento o controle da inflação, apesar desta caminhar para ficar dentro da meta de 3%.
A política de juros altos de Campos Neto é vista como um obstáculo ao crescimento, dificultando a recuperação do setor industrial. Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), reforça o coro das críticas. Para ele, a redução da taxa em apenas 0,25% em maio é “incompatível com o atual cenário de inflação”. Alban defende um corte mais significativo, de pelo menos 0,75%, para criar um ambiente favorável aos investimentos e ao desenvolvimento.
A presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), também condenou duramente Campos Neto. “É um crime contra o país a decisão do Copom, de cortar apenas 0,25 ponto da maior taxa de juros do planeta (…) A inflação está sob controle e em queda, o ambiente de investimentos melhora, os empregos também. O nome disso é sabotagem”, afirmou em publicação recente na rede X, antiga Twitter.
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É um crime contra o país a decisão do Copom, de cortar apenas 0,25 ponto da maior taxa de juros do planeta. Não há fundamento econômico para isso e houve divergência de 4 diretores nessa decisão. A inflação está sob controle e em queda, o ambiente de investimentos melhora, os…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) May 8, 2024
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Outras lideranças políticas compartilham dessa visão. Para Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar, o presidente do BC parece “fora da realidade”.
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No RS, @LulaOficial assina medida com benefício para evitar que trabalhadores percam o emprego, amplia número de famílias que receberão PIX de R$ 5,1 mil e repassa mais R$ 124 milhões para municípios atingidos pelas enchentes. Brasil unido pelo RS.
— Paulo Teixeira (@pauloteixeira13) June 6, 2024
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Já Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT), denuncia que “os juros extorsivos praticados pelo Banco Central impactam no desenvolvimento do país, sob o argumento de que é preciso controlar a inflação. Mas a inflação segue sob controle, inclusive segue em queda, ainda que lenta”.
Ouça o Boletim da Rádio PT:
Apesar dos juros, país avança
Após mais de seis anos de desmonte das políticas públicas e sociais e de uma visão voltada ao rentismo e à especulação, a economia brasileira mostra sinais robustos de recuperação graças às medidas implementadas pelo governo do presidente Lula, apesar da Selic ainda elevada.
A queda dessa taxa a patamares mais baixos é fundamental para a retomada do crescimento industrial e a criação de um ambiente econômico estável, condições que ajudarão a acelerar o Brasil em direção a um desenvolvimento robusto e inclusivo.