Juristas denunciam injustiças contra Lula há dois anos. Até quando esse processo vai durar?

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é vítima de uma perseguição que instrumentalizou a Justiça para tentar inviabilizá-lo politicamente. Já são sete anos do início deste processo que foi deflagrado pela Operação Lava Jato e que, hoje já se sabe, contou com a participação do FBI. Neste momento, Lula recuperou seus direitos, mas o risco de que seja alvo de injustiças permanece.

Por isso, é fundamental relembrar a mobilização histórica de juristas e de lideranças políticas contra práticas ilegais que colocaram em risco a credibilidade do Poder Judiciário brasileiro diante do país e da comunidade internacional.

As denúncias de que a Operação Lava Jato e o ex-juiz Sérgio Moro operavam para manipular a opinião pública e o sistema jurídico como um todo foram abafadas pela maior parte dos grandes veículos de imprensa nos primeiros anos.

As Organizações Globo, muitos “jornalões” e emissoras de rádio ignoraram, por exemplo, a manifestação de 17 juristas estrangeiros que denunciaram o desrespeito ao devido processo legal e criticaram as práticas de Sérgio Moro.

Apesar da postura da mídia, a importância desse documento publicado em agosto de 2019 é evidente porque durante a apresentação de seus votos no julgamento da suspeição de Moro, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski mencionaram o manifesto e seus autores.

Os 17 subescritores do manifesto são:

– Bruce Ackerman, professor Sterling de direito e ciência política, Universidade Yale

– John Ackerman, professor de direito e ciência política, Universidade Nacional Autônoma do México

– Susan Rose-Ackerman, professora emérita Henry R. Luce de jurisprudência, Escola de direito da Universidade Yale

– Alfredo Beltrán, ex-presidente da Corte Constitucional da Colômbia

– William Bourdon, advogado inscrito na ordem de Paris

– Pablo Cáceres, ex-presidente da Suprema Corte de Justiça da ColômbiaAlberto Costa, Advogado, ex-ministro da Justiça de Portugal

– Herta Daubler-Gmelin, advogada, ex-ministra da Justiça da Alemanha

– Luigi Ferrajoli, professor emérito de direito, Universidade Roma Três

– Baltasar Garzón, advogado inscrito na ordem de Madri

– António Marinho e Pinto, advogado, antigo bastonário (presidente) da ordem dos advogados portugueses

– Christophe Marchand, advogado inscrito na ordem de Bruxelas

– Jean-Pierre Mignard, advogado inscrito na ordem de Paris

– Eduardo Montealegre, ex-presidente da Corte Constitucional da Colômbia

– Philippe Texier, ex-juiz, Conselheiro honorário da Corte de Cassassão da França, ex-presidente do Conselho econômico e social das Nações Unidas

– Diego Valadés, ex-juiz da Corte Suprema de Justiça do México, ex-procurador-Geral da República

– Gustavo Zafra, ex-juiz ad hoc da Corte Interamericana de Direitos Humanos

Manifesto

O documento assinado por eles tinha como objetivo chamar os juízes do Supremo Tribunal Federal a uma reflexão “diante dos graves vícios dos processos movidos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”. Os signatários apontaram que as revelações feitas por Glenn Greenwald, do The Intercept e outros veículos de imprensa causaram estarrecimento. “As regras fundamentais do devido processo legal brasileiro foram violadas sem qualquer pudor”. O documento mencionado por dois juízes do STF apontou ainda que “num país onde a Justiça é a mesma para todos, um juiz não pode ser simultaneamente juiz e parte num processo”.

O manifesto afirma também que Sérgio Moro “não só conduziu o processo de forma parcial, como comandou a acusação desde o início”, que ele manipulou mecanismos da delação premiada e grampeou os advogados de Lula. Diante dos fatos apontados, os juristas afirmam que “Lula não teve direito a julgamento imparcial” e que é indispensável que os juízes do STF sejam os garantidores do respeito à Constituição. Por fim, o manifesto conclui que a Justiça foi instrumentalizada para fins políticos e o Estado de Direito foi claramente desrespeitado. “Não há Estado de Direito sem o devido respeito ao processo legal”.

Parte dos autores e alguns outros nomes já haviam se manifestado em agosto de 2018 quando dez juristas e advogados europeus e latino-americanos enviaram cartas para a então presidenta do STF, Cármen Lúcia, e para o presidente da República, Michel Temer, demonstrando preocupação com as irregularidades no processo que conduziu Lula à prisão.

Os signatários criticaram a divulgação da conversa entre Dilma Rousseff e Lula que fora interceptada ilegalmente e destacaram as “condições criticáveis” pelas quais foi anulada a decisão do desembargador Rogério Favreto para libertar o ex-presidente e “o caráter parcial do processo que levou à prisão de Lula”. Assinaram o documento dez juristas, entre eles: Baltasar Garzón, da Espanha; Luigi Ferrajoli, da Itália e William Bourdon, da França. A carta também é assinada por outros nomes, como o jurista Emílio García Mendez, presidente da Fundação Sul-Argentina, e o presidente de honra da Liga de Direitos Humanos (LDH), Henri Leclerc.

Juristas brasileiros

A perseguição ao ex-presidente Lula, obviamente, também gerou um intenso debate entre juristas brasileiros. Discussão que também foi ignorada pela maior parte da imprensa brasileira, principalmente, pelos veículos que se propuseram a ser os maiores porta-vozes da Lava Jato.

Em junho de 2018, 270 advogados brasileiros publicaram um manifesto contra o arquivamento do pedido de liberdade do ex-presidente Lula e apontavam que o debate era profundo, sobre o Direito brasileiro: “Trata-se de a Suprema Corte dizer sim ou não a uma garantia constitucional de liberdade prevista na Constituição como cláusula pétrea”. Esses especialistas continuam empenhados na defesa do devido processo legal e da Constituição brasileira publicando artigos em jornais ao longo dos últimos anos e apresentando suas perspectivas em entrevistas. Basta consultar os veículos de comunicação, sites especializados ou a página do grupo Prerrogativas que lançou dois livros que abordam a questão: “O livro das suspeições” e “O livro das parcialidades”.

Documentos históricos

Outros documentos históricos assinados por lideranças do mundo inteiro são o manifesto “Eleição sem Lula é fraude” de 2018 e o Manifesto de Solidariedade Internacional ao presidente Lula pela anulação das sentenças do STF que foi publicado em novembro de 2020.

As injustiças contra Lula foram denunciadas por personalidades laureadas com o prêmio Nobel, por ex-presidentes de diferentes países, ex-chanceleres e intelectuais do mundo inteiro como Noam Chomsky, David Harvey, Boaventura de Sousa Santos, Chantal Mouffe e muitos outros.

Se a Constituição brasileira não for garantida, o Estado de Direito pode sofrer mais um golpe e o desrespeito ao devido processo legal poderá ser normalizado. Algo que seria uma tragédia para um país onde as inúmeras injustiças já são flagrantes.

Os manifestos mencionados estão disponíveis aqui, aqui e aqui.

 

Do Comitê Internacional Lula Livre

 

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Postagens recentes

CADASTRE-SE PARA RECEBER MAIS INFORMAÇÕES DO PT NA CÂMARA

Veja Também

Jaya9

Mostbet

MCW

Jeetwin

Babu88

Nagad88

Betvisa

Marvelbet

Baji999

Jeetbuzz

Mostplay

Melbet

Betjili

Six6s

Krikya

Glory Casino

Betjee

Jita Ace

Crickex

Winbdt

PBC88

R777

Jitawin

Khela88

Bhaggo

jaya9

mcw

jeetwin

nagad88

betvisa

marvelbet

baji999

jeetbuzz

crickex