Nas últimas semanas o Palácio do Planalto foi palco de várias manifestações de apoio à presidenta Dilma Rousseff, em defesa da democracia e contra a tentativa de golpe (via impeachment) patrocinada por setores da oposição, do judiciário, da mídia e da burocracia do Estado. Dentre esses atos se destacam os realizados pelos juristas e advogados, pelos artistas e intelectuais, e pelos dirigentes e militantes de movimentos sociais do campo e da cidade – como a Contag, MST e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
Em todos os eventos os gritos de palavras de ordem mais ouvidos foram contra o Golpe (“Não vai ter golpe”), e em defesa da presidenta Dilma e do ex-presidente Lula (“No meu país eu boto fé porque ele é governado por mulher”, “Pode tremer, pode chorar, a Dilma fica e o Lula vai voltar”). Também aconteceram manifestações contrárias aos golpistas (“Golpistas, fascistas não passarão”), contra as organizações Globo (“A verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura!”), e contra o presidente da Câmara dos Deputados (“Fora Cunha”), sobre quem recai denúncias gravíssimas.
No ato que reuniu juristas, advogados, acadêmicos do direito, procuradores, defensores públicos e promotores- ocorrido há duas semanas-, a defesa da democracia e do mandato da presidenta Dilma foi acompanhada de críticas às ações do juiz federal Sérgio Moro, condutor da Lava-Jato.
Na ocasião, o governador do Maranhão e ex-presidente da Associação Nacional de Juízes Federais (Ajufe), Flávio Dino, classificou os grampos telefônicos da presidente Dilma como “absolutamente ilegais”. Ele comparou o ato do juiz em autorizar a divulgação do áudio à dos militares que efetuaram do golpe de 1964.
“Estamos assistindo a um crescimento dramático de posições de porte fascista representadas pela violência cometida por grupos inorgânicos sem líderes e em busca de um fuhrer (o líder alemão), de um protetor. Ontem, as Forças Armadas. Hoje, a toga supostamente imparcial e democrática”, acusou o ex-governador.
Artistas- Já na última quinta-feira (31), o Palácio do Planalto foi palco de manifestação em apoio à presidenta Dilma Rousseff de artistas e intelectuais.
Entre as celebridades presentes estavam a cantora Beth Carvalho, e os atores Antônio Pitanga, Elisa Lucinda, Letícia Sabatella, Osmar Prado, Sérgio Mamberti, o escritor Fernando Morais e a cineasta Anna Muylaert, diretora do filme “Que horas ela volta?”.
Beth Carvalho afirmou que os avanços sociais dos últimos anos estão “seriamente ameaçados” e, por isso, a classe artística precisa se levantar e cumprir seu papel “na defesa da democracia e da legalidade”.
No ato, também foram entregues 20 manifestos de diversas entidades em defesa da democracia e contra o impeachment. Dentre elas a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); o Instituto de Estudos Sócio-Econômicos (Inesc); a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES); o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB); e o Conselho Federal de Psicologia.
Minha Casa Minha Vida- Além dos atos específicos em defesa da presidenta Dilma e contra o golpe, outras solenidades realizadas no Palácio do Planalto também se transformaram em manifestações em defesa da democracia e respeito à soberania popular.
Na cerimônia de lançamento da terceira etapa do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, realizada na última quarta-feira (30), dezenas de integrantes de movimentos sociais e beneficiários do programa habitacional gritaram palavras de ordem em apoio à presidenta Dilma. No evento, o governo anunciou que até 2018 serão contratadas dois milhões de moradias do Minha Casa, Minha Vida.
Em discurso, o integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente de Resistência Urbana, o filósofo Guilherme Boulos classificou o processo de impeachment de “golpe” porque, segundo ele, não há crime de responsabilidade comprovado cometido por Dilma. Ele afirmou, ainda, sem citar nomes, que um “bandido” comanda o “golpe de araque” na Câmara dos Deputados.
Trabalhadores rurais e Quilombolas- Na sexta-feira (1º), durante a cerimônia de desapropriação de terras para reforma agrária e regularização de territórios quilombolas, o coordenador da Pastoral Negra, Bruno Coelho, entregou um manifesto de apoio à presidenta em nome do movimento negro.
“A posição de nossa luta histórica em defesa dos valores democráticos, sem nenhum passo atrás na consolidação das conquistas, direitos e cidadania, ameaçados no contexto atual por setores retrógrados da nação, nos delega o compromisso de defender a democracia e o respeito à soberania popular expressa nos milhões de votos do povo brasileiro nas últimas eleições presidenciais”, ressaltou.
O dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST), Alexandre Conceição, também posicionou-se : “Não vamos permitir golpe”.
Héber Carvalho com agências
Fotos: Roberto Stuckert Filho