Jornalistas e parlamentares da Oposição repudiam ataques de Bolsonaro contra a imprensa e à democracia

Dirigentes de entidades ligadas à imprensa, jornalistas e lideranças políticas da Oposição na Câmara e no Senado, repudiaram nesta quarta-feira (3), os ataques proferidos pelo presidente Jair Bolsonaro, e seus aliados, contra profissionais da imprensa e veículos de comunicação. As declarações aconteceram durante o Ato Virtual em Defesa da Liberdade de Imprensa e pela Democracia, promovida pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) e Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), com apoio de líderes e partidos de Oposição ao governo Bolsonaro na Câmara e no Senado.

Durante o ato, foi exibido um vídeo com cenas de várias agressões verbais proferidas pelo presidente Jair Bolsonaro contra jornalistas e veículos de comunicação, e até agressões físicas praticadas por seus apoiadores contra profissionais da imprensa. O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Paulo Jerônimo de Sousa, relembrou que a instituição que preside, batalha há 112 anos em defesa da liberdade de imprensa e da democracia, e lamentou a postura do presidente contra os profissionais do setor.

“Até 15 de maio, cerca de 60 jornalistas perderam a vida por conta do coronavírus. E o presidente, alheio aos problemas que a população enfrenta nessa pandemia, viola e atenta contra a Constituição e a democracia atacando a imprensa”, criticou.

Desde que assumiu o mandato, por inúmeras vezes Jair Bolsonaro atacou veículos de comunicação e jornalistas. Porém, nos últimos meses esses ataques aumentaram em intensidade e frequência, a ponto de profissionais da imprensa, como jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas terem sido agredidos por apoiadores do presidente nas ruas ou em manifestações favoráveis ao governo.

Para o líder da Minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), esses ataques são uma agressão à própria democracia, e precisam ser enfrentados. “As agressões a jornalistas e outros profissionais da imprensa em manifestações fascistas, que são impedidos de cobrir esses atos, maculam a nossa democracia. Sem imprensa livre não há democracia. Nós não podemos recuar. Os atos que ocorreram recentemente em São Paulo, Curitiba e em Manaus (contra o fascismo representado por Bolsonaro) demonstram que o Brasil está prestes a explodir, porque não suporta mais esse governo que ameaça a nossa democracia”, observou.

O líder da Minoria no Congresso, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), também ressaltou que as forças democráticas precisam lutar para garantir a liberdade de imprensa no País, “seriamente ameaçada por um governo que, apesar de eleito, utiliza seu poder para instalar uma ditadura”. Ele lembrou que partidários de Bolsonaro, sem contestação do presidente, pregam abertamente a volta do AI-5 que “retirou as liberdades individuais, inclusive instalando a censura prévia da imprensa em todo o País”.

Foto: Gustavo Bezerra

Além de condenar as agressões verbais e físicas aos profissionais da imprensa, Zarattini também condenou tentativas do governo de sufocar economicamente os veículos de comunicação. “Esse governo que agride a imprensa de forma verbal e física, também quis cercear a liberdade econômica delas por meio de medidas provisórias. Enquanto isso utiliza verba pública para financiar fake news”, acusou Zarattini.

No ano passado, o governo Bolsonaro enviou duas medidas provisórias nesse sentido ao Congresso: A MP 892, que acabava com a obrigação de empresas com capital aberto de publicar balanços em jornais, e a MP 896, que acabava com a exigência de publicar licitações e concursos nas mesmas publicações. As duas medidas foram identificadas como uma tentativa de retirar receitas de jornais criticados pelo governo Bolsonaro.

União da sociedade a favor da liberdade de imprensa

Representando o líder da Bancada do PT, deputado Enio Verri (PR), o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), ressaltou que para enfrentar as aspirações autoritárias do governo Bolsonaro será preciso união das forças democráticas do País.

Foto: Gustavo Bezerra

“Desde a redemocratização nunca vivemos um tempo em que a democracia e os direitos e garantias individuais estivessem tão ameaçados. Esse governo flerta com o que há de pior, com posturas de apologia à tortura, ataque à Constituição e de afronta ao trabalho dos jornalistas e à liberdade de imprensa. Esse momento deve ser de reflexão, para nos unirmos em uma grande ação em defesa da democracia, da liberdade de imprensa e da Constituição. Esse é o posicionamento da Bancada do PT na Câmara”, destacou Pimenta.

Ataques ao profissionais da imprensa

Sobre os ataques aos profissionais da imprensa, a presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Maria José Braga, disse que essa violência aumentou por conta do incentivo do presidente Bolsonaro. Ela informou que em 2019, em relação a 2018, houve um aumento de 54% nos casos de violência contra jornalistas devido à institucionalização dessa prática pelo presidente da República.
“Ele (Bolsonaro), sozinho, foi responsável por 58% dos ataques genéricos aos jornalistas e à imprensa observados no País. Somente nos primeiros quatro meses deste ano, Bolsonaro foi responsável por 16% dos taques à imprensa, desrespeitando a liturgia do cargo e a própria liberdade de imprensa”, apontou.

O presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Paulo Träsel, disse que o País está caminhando para a instalação de um governo autoritário. “O ‘réptil’ está formado dentro do ‘ovo da serpente’. Por isso, essas agressões verbais e físicas praticadas pelo presidente, autoridades de seu governo e apoiadores, são inaceitáveis numa democracia”, assegurou.

Também participaram do Ato virtual os líderes da Oposição na Câmara, deputado André Figueiredo (PDT-CE), e no Senado, senador Randolfe Rodrigues (Rede), além dos líderes das bancadas do PCdoB, deputada Perpétua Almeida (AC); do PSOL, deputada Fernanda Melchionna (RS); do PSB, deputado Alessandro Molon (RJ); do PDT, deputado Wolney Queiroz (PE), do Cidadania, deputado Arnaldo Jardim (SP); da Rede, deputada Joenia Wapichana (RR), e do representante do PV, deputado Israel Batista (DF).

Pelo Senado participaram os líderes do PSB, senador Veneziano Vital do Rêgo (PB); do PDT, senador Weverton Rocha (MA), e do Cidadania, senadora Eliziane Gama (MA).

Representando os profissionais da imprensa participaram do Ato as jornalistas Cristiane Sampaio (Brasil de Fato) e Cristina Serra (colunista da Folha de S. Paulo), e os jornalistas Tales Faria (UOL) e Edson Sardinha (Congresso em Foco).

Héber Carvalho

 

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