A conexão entre a operação Lava Jato e o governo dos Estados Unidos para acusar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e tirá-lo da eleição presidencial de 2018 está na capa do Diário de Notícias desta terça-feira (17), um importante jornal de Portugal.
A edição, com uma grande foto de Lula na capa, traz entrevista com os advogados de defesa do ex-presidente Cristiano Zanin e Valeska Martins, e com o jurista Rafael Valim. Os três estão em Lisboa para o lançamento hoje do livro Lawfare: uma introdução, que trata da manipulação da justiça com fins políticos, como é o caso da operação que exerceu a perseguição a Lula.
Zanin comenta na entrevista ao jornal de Portugal sobre Lula que todos os processos contra o ex-presidente têm em comum o fato de serem desprovidos de materialidade. “São hipóteses acusatórias construídas não com base em elementos concretos. Mas com base na convicção, ou seja, naquilo que alguns membros do sistema de justiça brasileiro, que não gostam do ex-presidente Lula, imaginaram com o objetivo de o colocar na prisão e para o retirar da política”, afirmou.
Interesse no pré-sal
Sobre as articulações entre a operação Lava Jato e os Estados Unidos nos bastidores das acusações a Lula, Valeska Martins afirma que essa conjugação de interesses geopolíticos estadunidenses e interesses políticos e pessoais de alguns integrantes do sistema de justiça do Brasil se dá a partir de provas que a defesa tem coletado.
“Após ter descoberto petróleo na camada de pré-sal e definido a sua partilha, o Brasil se tornou um alvo dos Estados Unidos. Tanto é que em 2013 houve uma primeira investida com a espionagem da Petrobras, da então presidente da República Dilma Rousseff e de membros do alto escalão de seu governo”, disse Valeska.
O jurista Rafael Valim foi indagado se haveria algum mérito na operação Lava Jato. Ele afirma que a operação é um projeto autoritário de poder. E que teve seus processos ou propósitos completamente desnudados com a subida de Bolsonaro à presidência. A defesa de Lula entende que Bolsonaro não estaria no Palácio do Planalto hoje sem a prática de lawfare contra o ex-presidente Lula. “A título de combater a corrupção, arruinou-se a economia brasileira e abriu-se caminho para uma profunda crise democrática, de que são exemplos eloquentes a destituição ilegítima de uma presidente da República e a ascensão de um líder de extrema-direita antitético aos nossos valores constitucionais”, disse Valim.
Rede Brasil Atual