Em duro discurso na tribuna da Câmara dos Deputados nesta segunda-feira (10), o deputado Jorge Solla (PT-BA) condenou a indústria de fake news que está a todo vapor na reta final da campanha eleitoral. O parlamentar exemplificou como “gravíssimo” o fato de a ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves (Republicanos), durante culto na Assembleia de Deus Ministério Fama, de Goiânia, falar em estupro de bebês e sexo oral com crianças na Ilha do Marajó, no Pará. Damares foi eleita senadora eleita pelo Distrito Federal.
“Esse governo vai ficar marcado também pelos absurdos mais escatológicos e mais tenebrosos, pelos episódios que nunca poderiam ter acontecido em nosso País, como o marcado agora pela ex-ministra Damares”, lamentou Solla.
Apuração rigorosa
O parlamentar ainda exigiu apuração de tais denúncias por parte dos órgãos de controle do Estado. “Eu quero fazer essa denúncia publicamente, cobrar do Ministério Público Federal, cobrar da Procuradoria-Geral da República, cobrar de todos os órgãos de controle. Se isso não for apurado e não tomarem providências, será a desmoralização completa dos órgãos de controle em nosso País”, ponderou.
Prevaricação
Jorge Solla lembrou que Damares é uma autoridade, uma senadora eleita e ex-ministra, e não pode cometer crime dessa natureza. Para ele, se ela mentiu, vai ter que se retratar publicamente, ou ela prevaricou.
“O crime da ex-ministra Damares é uma monstruosidade, é a fixação em sexo, na pedofilia, em mentiras. Na eleição passada, foi aquela mamadeira no formato de órgão sexual. Imaginem alguém acreditar nisso! Agora, crianças são alvo desses absurdos, dessas mentiras”, disse, indignado, o parlamentar.
Crime sem provas
Segundo o deputado, o site Brasil 247 revela que a fala de Damares foi para uma plateia com a presença de muitas de crianças no culto. No discurso, Damares diz que o Brasil tem “menores” com dentes arrancados para praticar sexo oral. Ainda de acordo com a manchete do site, a senadora eleita também falou em recém-nascidos praticando sexo anal.
O parlamentar explica que a ex-ministra se refere a crimes que teriam ocorrido na Ilha de Marajó, no Pará, mas não apresentou imagens, detalhes, operações, informações.
“Ex-ministra Damares, cadê os culpados? Cadê as provas? Cadê os vídeos que você disse que existiam? Cadê as investigações que foram abertas? Onde estão os processos? E mais: qual foi a proteção? Quais foram as medidas protetivas que o Governo Federal deu a essas crianças vítimas de violências tão absurdas? Não é só prevaricação, não. São outros crimes que V.Exa. teria cometido se isso tivesse acontecido”, alerta o parlamentar baiano.
Fake eleitoral
O deputado avalia que tudo isso não passa de fake news eleitoral. Para ele, é mais uma forma de ganhar adeptos com roteiros escatológicos de terror. “Os horrores do Governo Bolsonaro vão ficar marcados na história. Para a sua sorte, mentira — fake news — ainda não dá cadeia, como dá prevaricação, como dá ocultar provas, como dá negar medidas protetivas a vítimas de violência”, destacou Solla.
Benildes Rodrigues