A Comissão de Direitos Humanos da Câmara (CDH) realizou audiência pública nesta quinta-feira (9) para discutir a operação do Grupo Tocantins, responsável pela busca de corpos de militantes mortos na Guerrilha do Araguaia, na década de 70.
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, que integrou o grupo em 2003, participou da reunião e afirmou que as escavações começam em agosto. A audiência foi realizada a pedido do presidente da comissão, deputado Luiz Couto (PT-PB) e do vice-presidente, deputado Pedro Wilson (PT-GO), também integrante da Comissão de Mortos e Desaparecidos que acompanha a operação da guerrilha.
O ministro declarou que o grupo conseguiu arquivos nacionais relevantes para a operação. Cerca de 85 pastas com documentos importantes foram enviados ao Ministério da Justiça, todos com participação ativa do Exército.
Jobim informou que quatro sub-grupos integram a equipe: grupos institucionais brasileiros; equipe técnica (ministérios); observadores independentes e o Exército (apoio logístico). Nelson Jobim disse ainda que os familiares não fazem parte do grupo por estarem ligados diretamente ao episódio e por não aceitarem a posição de observadores.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), sugeriu a inclusão da Comissão de Mortos e Desaparecidos ao grupo. “Se o Estado brasileiro é parte nesta ação e vai encontrar as famílias, se o Exército brasileiro que operou no campo do Araguaia estará nesta comissão, creio que a Comissão de Mortos e Desaparecidos poderia fazer parte do Grupo Tocantins para garantir maior transparência no resultado de reconciliação nacional”, defendeu o parlamentar. Para o deputado, é importante que a sociedade sinta tranqüilidade em ver uma operação imparcial e clara, assim a Comissão de Mortos e Desaparecidos seria encarregada de garantir o resultado.
Na avaliação do deputado Pedro Wilson (PT-GO), é importante que o grupo amplie as investigações a outros estados. Ele citou o assassinato de casal em Rio Verde, Goiás. O corpo do casal foi encontrado em uma fazenda próxima à cidade logo após a lei da anistia. O deputado ainda citou o depoimento do Major Curió contrariando versões anteriores. Ele sugeriu que o Ministério da Defesa solicite depoimentos oficiais a Advocacia Geral da União (AGU). “Muitas pessoas fazem depoimentos sobre a guerrilha ou desaparecidos políticos. Vimos o caso do Major Curió, mas penso que é importante recolher depoimentos oficiais já que há muita troca de informação e temos tantas instituições brasileiras envolvidas. Guerrilheiros foram executados e, além de sobreviventes como Zezinho do Araguaia, há jornalistas e familiares que podem depor de forma rica nesta operação”, concluiu.
O Grupo Tocantins trabalha atualmente no reconhecimento das áreas que possivelmente tenham ossadas. Depois do inicio da escavação em agosto, o resultado será avaliado em laboratório no mês de novembro.
Hérika Tavares, estagiária em jornalismo