João Goulart recebe homenagem de chefe de Estado que ditadura não prestou

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Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

O corpo do ex-presidente João Goulart foi recebido em Brasília, nesta quinta-feira (14), com honras de chefe de Estado, em solenidade que contou com a presença da presidenta Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula, além da viúva de Jango, Maria Thereza Goulart.

A homenagem, marcada pela emoção, foi realizada porque na época do seu falecimento não foi realizado o tradicional ritual concedido aos chefes da Nação. Jango foi deposto pelo golpe militar que instaurou a ditadura, em abril de 1964, e morreu em 1976, quando vivia na Argentina.

Para a presidenta Dilma Rousseff, o ato foi uma afirmação da democracia no Brasil, que se consolida com este gesto histórico. “Hoje é um dia de encontro do Brasil com a sua história. Como chefe de Estado da República Federativa do Brasil participo da recepção aos restos mortais de João Goulart, único presidente a morrer no exílio, em circunstância ainda a serem esclarecidas por exames periciais. Este é um gesto do Estado brasileiro para homenagear o ex-presidente João Goulart e sua memória”, disse Dilma.

Exumação – O corpo de Goulart permanecerá na capital federal até 6 de dezembro. A exumação dos restos mortais do ex-presidente, que teve início nesta quarta-feira (13), no Cemitério Jardim da Paz, na cidade de São Borja (RS), foi concluída com êxito após pouco mais de 18 horas de trabalho. Concluída às 2h desta quinta, a exumação envolveu 12 profissionais do Brasil, Argentina, Cuba e Uruguai. O médico João Marcelo Goulart, neto do ex-presidente, teve participação efetiva em todo o procedimento.

Exilado pela ditadura militar na década de 60, Jango morou no Uruguai e depois na Argentina, onde veio a falecer em 6 de dezembro de 1976. A causa oficial da morte, um ataque cardíaco, nunca convenceu a família, que acusa o governo militar da época, de Ernesto Geisel, de ter envenenando o ex-presidente. Com a análise pericial dos restos mortais de Jango, a expectativa é de que os laudos periciais sejam somados às demais investigações, incluindo as documentais e testemunhais, na busca de um esclarecimento sobre as causas que levaram ao óbito do ex-presidente.

O processo de exumação teve início em 2007, por iniciativa de familiares. Com a instalação da Comissão Nacional da Verdade (CNV), em maio de 2012, foi criado um grupo de trabalho que vem coordenando as investigações em torno da morte de João Goulart. O trabalho é feito, de forma conjunta, pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) e pela CNV.

Também participaram da cerimônia os ex-presidentes José Sarney e Fernando Collor.

Equipe PT na Câmara com Blog do Planalto

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