(*) João Daniel
A libertação de Julian Assange é uma vitória, ainda que tardia, da liberdade de expressão.
Mas, enfim, o fundador do Wikileaks, que passou cinco anos na prisão no Reino Unido, está livre após fazer um acordo com a Justiça dos Estados Unidos, se declarando culpado em acusações de espionagem.
A decisão de Assange de se declarar culpado deve ser vista como uma estratégia para expor a hipocrisia dos tribunais e destacar as falhas no sistema de justiça.
A liberdade de expressão e o direito à informação são fundamentais, mesmo considerando os desafios legais e políticos envolvidos.
A libertação de Assange, sob a condição de uma declaração de culpa, é um marco, que expõe a necessidade contínua de proteger os direitos básicos à informação livre e a liberdade de expressão. Seu trabalho revelando episódios sobre a política americana, que ninguém mais sabia, prestou serviços relevantes ao mundo e demonstrou que o direito à informação é fundamental e que suas ações contribuíram para esse desafio de transparência global e da prestação de contas dos governos e entidades.
Sempre defendi o direito de Assange de publicar revelações importantes nos mais de 700 mil documentos confidenciais, desde 2010, abordando atividades ilegais militares e diplomáticas dos EUA, especialmente no Iraque e Afeganistão, vídeos mostrando soldados norte-americanos executando civis no Iraque, além de abusos cometidos por autoridades americanas em outros países.
Ele incomodou o poder americano, pois divulgou informações importantes, como conversas entre diplomatas americanos e líderes de outros países, bem como ações secretas dos EUA no exterior.
Entendendo que ele foi vítima de uma perseguição absurda e que a sua prisão foi um ataque à liberdade de imprensa e à democracia, sempre estive ao lado de milhares de pessoas e entidades, como a Assembleia Internacional dos Povos (AIP), a Articulação de Povos Indígenas do Brasil (APIB), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a União Nacional dos Estudantes (UNE), o Movimento dos trabalhadores sem Terra ( MST), entre outras, que assinaram um documento público conjunto que pedindo a liberdade desse herói da liberdade de imprensa.
Para o Comitê Internacional Paz, Justiça e Dignidade aos Povos, seção Brasil, Assange não cometeu qualquer crime e não teria que ser extraditado, na verdade ele sofreu uma violência na Embaixada do Equador em Londres até ter seu asilo revogado pelo então presidente equatoriano Lenín Moreno, a pedido do governo americano.
Mas, como disse o Presidente Lula, “o mundo está um pouco melhor e menos injusto hoje. Julian Assange está livre depois de 1.901 dias preso. Sua libertação e retorno para casa, ainda que tardiamente, representam uma vitória democrática e da luta pela liberdade de imprensa”.
Muita luta ainda se terá pela frente, principalmente com a tolerância às mentiras difundidas nas redes sociais, turbinadas pelo uso da inteligência artificial, que devem ser combatidas e evitadas, mas temos que continuar defendendo todos aqueles que, como Assange, têm a coragem de enfrentar os poderosos, difundindo verdades comprovadas, escondidas no submundo dos poderes.
Parabéns Assange e a liberdade de informar verdades!
(*) João Daniel é deputado federal (PT-SE)
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