Uma celebração da luta democrática e por uma sociedade mais justa e fraterna. Foi neste clima que o Partido dos Trabalhadores recebeu a filiação de Jean Wyllys, nesta segunda-feira (24). O evento foi transmitido pela TVPT e redes sociais do partido e contou com a presença, além de Wyllys, da presidenta Nacional do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR), dos ex-presidentes Lula e Dilma e do ex-prefeito Fernando Haddad.
Também participaram do evento a convite de Jean Wyllys a prefeita de Barcelona Ada Colau, a ex-presidenta da Anistia Internacional e membro do Conselho de Paris Genevieve Garrigos, o ativista James Green, membro da rede americana de Intelectuais em Defesa da Democracia no Brasil e a educadora Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada Marielle Franco.
No evento, Lula ressaltou qualidades que considera fundamentais em Jean Wyllys, como a solidariedade e a coragem, demonstrados tanto no golpe de 2016 quanto na farsa jurídica montada pela Lava Jato que tirou a liberdade do petista.
“Você esteve aí meu lado durante cada dia da minha prisão injusta”, lembrou Lula. “Ousou ser solidário quando a perseguição política contra mim, e os demais malfeitos do juiz e do subprocurador da Lava Jato, ainda não haviam sido escancarados para todo o território nacional”, agradeceu o presidente.
“Querido Jean Wyllys, bem-vindo ao PT. Bem-vindo à nossa luta, à nossa causa que já é a sua causa. Para que juntos a gente possa devolver ao povo brasileiro o simples direito de comer três vezes ao dia”, disse Lula. “Agora é preciso reconstruir e transformar o Brasil, varrer para o lixo da história esses que não se comovem sequer com as mortes de 440 mil brasileiros e que deixam o Brasil sufocar por falta de oxigênio”.
“É um privilégio receber o companheiro Jean Wyllys nas fileiras do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, especialmente porque sua filiação vem num momento em que a defesa da democracia e dos direitos no Brasil é tão importante”, anunciou Gleisi.
A presidenta do PT frisou que Jean se tronou um símbolo de resistência e coragem “diante do preconceito e da violência que sofreu cotidianamente”. Gleisi afirmou ainda que a filiação ocorre em um momento especial em que o povo brasileiro resgata a esperança de transformar um país destroçado pela extrema direita.
Em sua apresentação de boas-vindas, o ex-prefeito Fernando Haddad afirmou que o partido acolhe a filiação de Wyllys com entusiasmo e muita emoção e que o novo petista faz política de um jeito parecido com o dos quadros do partido. “Política é uma doação à sociedade que a gente acredita, é lutar destemidamente pela construção de um mundo melhor”, definiu o petista. “Você é um destemido, um companheiro que nasceu para lutar e vencer”, disse Haddad.
Trajetória
Durante sua intervenção, Jean Wyllys relembrou o início de sua trajetória política e das escolhas de lutas que fizeram com que seu caminho se cruzasse diversas vezes com o do PT, inclusive quando apoiou a reeleição de Dilma Rousseff, em 2014.
Ele chamou a atenção para a melhora do tecido social do país durante os governos do PT e enumerou consequências positivas: “A fome praticamente erradicada, o quase pleno emprego, a liberdade para a imprensa se manifestar, mesmo com desonestidade intelectual, a existência de oposições de direita e de esquerda e a livre manifestação dos movimentos de minorias”.
Coragem e lucidez no golpe de 2016
Para a presidenta Dilma, Jean Wyllys demonstrou o tamanho da sua grandeza ao reagir ao assassinato da democracia durante o golpe de 2016 e indignar-se com a saudação de Bolsonaro a um torturador.
“Quero saudar a coragem de Jean Wyllys mas também a lucidez política. Não é uma coragem qualquer e sim de alguém imbuído de razões muito importantes para o Brasil”. Ainda segundo Dilma, “a base do fascismo é o ódio ao pobre, ao negro, a mulher, ao gay, e esse ódio está comprometido com o que há de mais grave na história”.
Dilma também agradeceu a prefeita de Barcelona Ada Colau e ao ativista James Green por sua atuação contra o golpe de 2016 e a perseguição sofrida pelo presidente Lula a partir da operação Lava Jato.
Convidados
Em sua participação, a prefeita de Barcelona Ada Colau disse que Jean é “um embaixador internacional pela esperança” e afirmou que é preciso fortalecer as trincheiras da luta democrática para barra a ascensão do neofascismo. “A extrema-direita se organizou em nível internacional e nós, que defendermos a democracia e o progresso para a maioria social, que defendemos a esperança e os direitos humanos também precisamos estar organizados”.
Anielle Franci, jornalista, educadora e irmã da vereadora assassinada Marielle Franco, ressaltou que a democracia corre risco no país pela escalada da violência promovida pela extrema direita. “É urgente lembrar da violência política que foi responsável pela morte da minha irmã e fez você abdicar do seu mandado, para o qual foi eleito democraticamente”, lamentou Franco. Para ela, não pode haver democracia com racismo e violência política.
A ex-presidenta da Anistia Internacional Genevieve Garrigos defendeu igualdade de gênero para tornar reais avanços sociais. “Se as mulheres não participam das decisões e não são autônomas como vamos combater a injustiça social?”, questionou Garrigos.
Da Agência PT de Notícias