Ipea: Brasil acerta ao ampliar seu mercado e deve planejar exportações

saulocruzO presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, defendeu nesta quarta-feira (12) que o Brasil amplie ainda mais seu comércio internacional com outros países e adote estratégias de longo prazo para as exportações.

Essa seria uma estratégia para estimular seu comércio e manter a competitividade no cenário internacional e frente à expansão chinesa. Em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores, Pochmann apresentou um novo estudo econômico e foi questionado pelo deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) sobre se seria interessante para o Brasil estabelecer alianças com países mais ricos.

Segundo o presidente do Ipea, as exportações e o comércio mundial são hoje temas cada vez relevantes e, nos últimos anos, a partir de 2002, o governo brasileiro acertou ao diversificar e aumentar o número dos países compradores. Isso não apenas permitiu ao Brasil ultrapassar a crise mundial mais rapidamente, disse, como representa uma abertura comercial necessária e eficaz.

“Até 2002 tínhamos a identidade que era muito melhor concentrar nossas exportações para países ricos. Houve uma mudança acertada produzida pelo governo Lula de abandono do modelo Alca e ampliação dos países para os quais o Brasil vende. Até 2002, tínhamos dois terços do nosso comércio voltados para os países ricos, o que não era positivo”, disse.

Ele lembrou que foi justamente a dependência de 80% nas suas exportações apenas para os Estados Unidos que levou o México a sofrer um forte impacto econômico na crise financeira mundial. “Hoje, o Brasil tem 50% de seu comércio internacional voltado para países ricos e há espaço para o país ganhar mercado em outros países. Todos os países estão repensando seu comércio porque a virulência da expansão da China é acentuada. Atualmente, 60% da produção mundial está cada vez mais associada à produção chinesa. A China tem adotado estratégias de longo prazo, e o Brasil tem de planejar para quem vai exportar e o que vai exportar, além de trabalhar outros acordos com outros países”, disse.

Também questionado pelo deputado Chinaglia, Pochmann disse que o fato de o Brasil exportar produtos primários não é um problema, mas é um desafio a elevação do valor agregado nas cadeias produtivas. “O Brasil é exportador de café in natura, mas há países, como os Estados Unidos, que exporta café industrializado sem plantar um pé de café”, afirmou.

Para o presidente do Ipea, há o desafio de se adotar uma política mais intensiva de ampliação das empresas exportadoras, que hoje representam 1% do total de empresas do país. “Podemos estimular mais as exportações das micro e pequenas empresas, e nisso a criação do Eximbank pelo governo Lula foi um apoio inegável ao setor. É desejável que o país tenha mais bancos, inclusive para financiar micro e pequenas empresas e a agricultura familiar”, defendeu.

Dados – Pochmann apresentou o estudo “Desenvolvimento e Nova Divisão do Trabalho”, com análises sobre exportações, comércio internacional, produtividade do trabalho e sobre a presença do Brasil no mundo. Segundo o trabalho, a produtividade no trabalho mostra crescimento e a estrutura do emprego está cada vez mais relacionada à indústria e aos serviços, quando no passado esteve ligada à agricultura.

O estudo revela ainda que os países em desenvolvimento voltaram a ser responsáveis pela maior parcela de contribuição para o crescimento mundial. “A economia mundial está se recuperando da crise de 2008 com a ajuda dos países não desenvolvidos, que contribuem agora com 76% do crescimento mundial, enquanto os países desenvolvidos contribuem com 24%”, afirmou.

Gabriela Mascarenhas

 

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