Em ação truculenta, sem base legal, o comandante do voo 3437 da TAM acionou a Polícia Federal que manteve presa mais de 70 mulheres que vieram à capital Federal participar da IV Conferência Nacional de Políticas para Mulheres. A justificativa para a detenção das ativistas na aeronave, no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek – Brasília, deu-se em função da manifestação que elas fizeram, chamando de golpistas os parlamentares oposicionistas que votaram a favor do processo de impedimento da presidenta Dilma e que estavam no mesmo voo da companhia aérea que saiu da Bahia com destino à Brasília, nesta terça-feira (10) .
“É um absurdo o motivo da detenção. Esse tipo de manifestação, dentro de um avião, pela lei não se configura em crime para que elas pudessem ser detidas”, afirmou a deputada Moema Gramacho (PT-BA), que foi acionada pelas suas companheiras baianas para ajudar na resolução do impasse.
De acordo com a deputada, quem fez a denúncia foram os deputados Jutahy Magalhães (PSDB-BA) e Tia Eron (PRB-BA) – parlamentares que votaram pelo golpe no último dia 17 de abril e que não queriam ser chamados de golpistas. A deputada disse ainda que o Ministro da Justiça, Eugênio Aragão foi acionado para restabelecer um dos princípios basilares das normas constitucionais – a liberdade de expressão violada na manhã desta terça.
A deputada Maria do Rosário (PT-RS), que também foi ao aeroporto acompanhar de perto o caso, informou que as mulheres foram liberadas porque a Polícia Federal não identificou nas ações qualquer ato ilícito que pudesse acarretar em detenção.
Ainda, de acordo com Rosário, as mulheres com as quais conversou, relataram que o que aconteceu foi uma ação discriminatória praticada pelo comandante da TAM, pelo fato de serem mulheres, negras, trabalhadoras e serem de regiões interioranas do país.
“Estamos atentos ao que está acontecendo. O que vemos é uma forma de repressão aos movimentos sociais. Isso é inaceitável. Essas mulheres jovens, idosas, negras, trabalhadoras do campo e da cidade que veem à conferência ficam presas justamente pela atitude de alguns parlamentares intolerantes. Estamos indignadas com o tratamento diferenciado e desrespeitoso que elas receberam”, afirmou Rosário.
Benildes Rodrigues