Em entrevista coletiva após discurso na abertura da Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-americanos (Celac), em Cuba, a presidenta Dilma Rousseff respondeu ontem (28) às críticas dos partidos de oposição ao financiamento concedido às obras do porto de Mariel, a 40 quilômetros da capital Havana.
Segundo ela, a integração continental não estará completa sem a ilha governada por Raúl Castro. Daí a necessidade de parcerias e investimentos.
Dos US$ 957 milhões investidos na reforma e ampliação do terminal portuário cubano, US$ 628 foram financiados pelo BNDES, em acordo que levou 400 empresas brasileiras para trabalhar no projeto; segundo o Planalto, 156 mil empregos diretos foram criados no Brasil pela parceria, e outros US$ 800 milhões foram investidos diretamente no país para viabilizar a exportação de produtos e serviços para Cuba.
“Esse é um modelo adotado por muitos países em desenvolvimento, inclusive, em alguns momentos, conosco. Vamos lembrar que muitos países desenvolvidos financiaram investimentos no Brasil não por nenhum processo caritativo, mas financiaram porque isso leva ao fortalecimento das empresas desses países. No nosso caso, aqui, é um processo ganha-ganha. Cuba ganha e o Brasil também ganha. É um bom negócio”, avaliou a presidenta.
Segundo Dilma, o Brasil acompanha de perto as reformas no porto por conta de sua importância estratégica para o transporte de cargas, uma vez que o terminal poderá receber embarcações Super Post-Panamax (nome dado a cargueiros gigantes, maiores que a passagem do Canal do Panamá), e também para garantir que empresas brasileiras estejam presentes na Zona de Desenvolvimento Especial de Mariel, área de 450 km² que terá legislação especial e infraestrutura para empresas de tecnologia, em modelo similar ao adotado pela China.
“Lá na Zona Especial de Mariel nós estamos querendo estabelecer uma forte parceria. Cuba é um dos países líderes na questão de biotecnologia, de biofármacos”, ressaltou a presidenta. “O Brasil perdeu a corrida no que se refere à farmoquímica, chegamos um pouco atrasados. Agora, não vamos chegar atrasados na biotecnologia, na produção de biofármacos, na produção de vacinas também com esse conteúdo baseado na biotecnologia. Qual é um dos países mais fortes nessa área? É Cuba”, completou.
A presidenta também aproveitou a oportunidade para elogiar a parceria com Cuba pela concessão de profissionais para o programa Mais Médicos.
“Eles têm uma formação médica que implica no contato direto com o doente, no tratamento do doente de uma forma muito humana, e isso para nós é muito importante. É um médico que toca a pessoa, é um médico que escuta o que ela quer falar, e é um médico que, muitas vezes, vai até à casa da pessoa”, afirmou.
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