Inflação e juros altos de Bolsonaro fecham mais empresas que pandemia

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil-Arquivo

Uma entre tantas falácias de Jair Bolsonaro, a ideia de que o “fique em casa, a economia a gente vê depois” é responsável por transformar o Brasil em um país de famílias endividadas e empresas quebradas é desmentida mais uma vez. E agora, por quem lida com falências na vida real, onde inflação e juros nas alturas, graças à política econômica do desgoverno Bolsonaro, fecham mais empresas que a pandemia e o lockdown.

“Quando começou a pandemia, todos esperavam uma quebrada danada, que não aconteceu por várias razões, como credores mais flexíveis, Selic (a taxa de juros básica da economia) a 2% ao ano, subsídios e auxílios emergenciais”, aponta Guilherme Fontes Bechara, sócio das áreas de Resolução de Disputas, Reestruturação e Falência e Investimentos Alternativos do escritório Demarest, em entrevista à Carta Capital.

“Com a Selic a quase 14%, começaram a aumentar os pedidos de falência e Recuperação Judicial (RJ). Não tanto entre grandes empresas, mas entre pequenas, médias e microempresas que tomaram dinheiro barato no passado”, prossegue Bechara. “O cenário piorou muito. Temos notícia de mais empresas que já ajuizaram ou estão para ajuizar pedidos de RJ e falência.”

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Secretário Adjunto da Comissão de Recuperação de Empresas e Falência do Conselho Federal da OAB, Filipe Denki cita exemplos de clientes que tomaram empréstimos do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), com a Selic a 2%, carência de seis meses a um ano e parcelamento em 36 meses. Agora, eles amargam a correção do saldo devedor por taxas de 13,75%.

“O subsídio virou uma maldição, porque, na época, ninguém poderia imaginar que a Selic chegaria a bater quase 14%”, ressalta o especialista em Direito Empresarial. Maldição é uma palavra adequada para qualificar a política econômica imposta ao país por Bolsonaro e seu ministro-ilusionista Paulo Guedes.

Economista da Serasa Experian, Luiz Rabi explica que a escalada inflacionária desde o começo do segundo semestre do ano passado, quanto o IPCA acumulado em 12 meses atingiu dois dígitos e assim permaneceu até julho deste ano, puxou a taxa básica de juros para cima, afetando duramente as empresas. Não por acaso, o período registrou recordes de inadimplência. Primeiro, das pessoas físicas. Depois, das pessoas jurídicas.

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Os dados do Indicador de Falências e Recuperação Judicial da Serasa Experian apontam crescimento de 11,6% dos pedidos de falência em agosto, em relação ao mesmo período de 2021. O maior número de solicitações foi registrado por micro e pequenas empresas (59), seguidas pelas médias (22) e grandes (25). O setor de Serviços lidera a lista, com 39 requisições, seguido por Indústria (19), Comércio (12) e o segmento Primário (4).

A reversão desse cenário, acredita Rabi, vai depender da política econômica do próximo governo. “Seja quem for, tradicionalmente o primeiro ano de governo é de austeridade, de acertar as contas da gastança do ano eleitoral. Se der Bolsonaro, a expectativa é que siga a mesma política. Se der Lula, a dúvida é se será mais o Lula do primeiro ou do segundo mandato.”

Não foi a pandemia, foi a incompetência

Pandemia, guerra, seca. Bolsonaro tem uma lista de desculpas para a tragédia econômica que impôs ao país. Mas os números não enganam. De 2019 a 2021, enquanto o mundo cresceu em média 1,8% ao ano, o Brasil teve crescimento de apenas 1,1%, conforme dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).

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