O número de pessoas que desistiram de buscar emprego no Brasil atingiu o recorde de 4,8 milhões, que é equivalente a 4,3% da população em idade de trabalhar. Essa situação, de quem já não tem mais esperanças de encontrar trabalho, é classificada como desalento pelo IBGE e chegou ao recorde com o governo golpista de Michel Temer.
No Brasil pós-golpe, o número de desalentados é mais que o dobro do registrado de 2012 a 2015, segundo informou o jornal Folha de S.Paulo. Esse grupo de pessoas tem crescido tanto que vem criando uma distorção nos dados de desemprego. Como muitos desistem de procurar trabalho, passam a ser contabilizados na massa de pessoas fora da força de trabalho, que é composta em geral por aposentados e estudantes.
A professora Belinda Mandelbaum, chefe do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da USP, explicou em entrevista à Folha que “há o desemprego oculto, que não aparece nas estatísticas. Perde-se de vista esse contingente que desistiu”.
Ela destaca que o desalento tende a excluir as pessoas também da vida social, além de aumentar a predisposição a situações como divórcio, violência familiar e alcoolismo. “As pessoas ficam até com restrição de circulação, sem dinheiro para se movimentar pela cidade. O desalento gera até uma imobilidade social, as pessoas ficam restritas a seu âmbito familiar”, explicou Mandelbaum. “Ele se vê como alvo de violência no mundo e reproduz isso dentro de casa”, acrescentou.
Atualmente, o número de desempregados no Brasil é de 12,9 milhões, ou 12,3% da população. Somando-se os desalentados e as pessoas que trabalham menos horas do que poderiam, o país chegou a uma taxa de subutilização da força de trabalho de 24,5%.
Da redação da Agência PT de notícias, com informações da Folha