A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) responsabilizou hoje (31) o presidente neofascista Jair Bolsonaro pelo incêndio ocorrido na quinta-feira (29) em parte das instalações da Cinemateca Brasileira, em São Paulo, e disse que a negligência do governo militar com o patrimônio histórico e cultural do País faz parte de um projeto.
“A destruição da memória e da cultura nacional não é ato isolado, mas parte de uma destruição maior, do desmonte dos direitos sociais, do Estado e da economia nacional, uma destruição começada pelo governo golpista de Temer, logo em seguida ao impeachment contra a presidenta Dilma”, afirmou, em artigo.
Ela lembrou que o “desmonte do Brasil não foi somente acelerado, mas atingiu requintes de crueldade no governo do neofascista Bolsonaro”, com uma política genocida que levou à morte por Covid mais de 555 mil pessoas. “O objetivo de Bolsonaro é reduzir o Brasil de nação independente a um território de exploração do agronegócio e um “quintal” obediente à geopolítica norte-americana”, denunciou.
Leia a íntegra do artigo:
“Queimar a cultura para destruir o Brasil
Por Benedita da Silva (*)
O cinema brasileiro está de luto. Um incêndio atingiu o galpão onde estava a Cinemateca Brasileira, o maior acervo audiovisual da América Latina.
A extensão dos prejuízos ainda será avaliada, mas o fogo queimou a memória audiovisual brasileira, representando 100 anos de história do cinema nacional, com mais de 250 mil rolos de filmes.
Inimigo declarado da cultura, Bolsonaro não renovou o contrato de administração da Cinemateca, terminado em dezembro de 2019 e ainda demitiu todos os seus profissionais técnicos em agosto do ano passado. Também recusou ajuda da Prefeitura e do governo de São Paulo.
Deixou largado num galpão, com risco de incêndio, falta de vigilância, contas de luz, de água e salários atrasados, nosso precioso acervo audiovisual. Maior imagem de abandono, não há!
Assim, do mesmo modo como o incêndio do Museu Nacional em setembro de 2018, o incêndio da Cinemateca Brasileira não foi um acidente, mas um crime, e, como vimos, um crime premeditado, cujos responsáveis maiores são Bolsonaro e seu Secretário Especial de Cultura, Mário Frias.
A destruição da memória e da cultura nacional não é ato isolado, mas parte de uma destruição maior, do desmonte dos direitos sociais, do Estado e da economia nacional, uma destruição começada pelo governo golpista de Temer, logo em seguida ao impeachment contra a presidenta Dilma.
Mas esse desmonte do Brasil não foi somente acelerado, mas atingiu requintes de crueldade no governo do neofascista Bolsonaro, com sua política genocida que levou à morte por Covid mais de 555 mil pessoas.
O objetivo de Bolsonaro é reduzir o Brasil de nação independente a um território de exploração do agronegócio e um “quintal” obediente à geopolítica norte-americana.
Contudo, a destruição de uma Nação e de um povo só se completa se a sua cultura e memória histórica forem também destruídas. E é isso o que Bolsonaro faz e manda fazer na política cultural, com a volta da censura, ao abandonar a maioria da classe artística durante a pandemia e no desmonte das instituições culturais, inclusive daquela criada para preservar a cultura e a memória do povo negro, que é a Fundação Cultural Palmares.
A defesa da nossa memória histórica, de nossa cultura, bem como do acesso democrático a todas as suas manifestações, expressa o interesse maior do povo brasileiro e, por isso, é parte vital da sua luta mais geral contra a barbárie bolsonarista.
(*) Deputada federal pelo PT-RJ, ex-governadora do Rio de Janeiro e primeira senadora negra do Brasil”
(Artigo publicado originalmente no site Brasil 247 em 31/07/2021)
Redação PT na Câmara