III Marcha das Mulheres Indígenas começa nesta segunda (11)

"Somos sementes plantadas através de nossos cantos por justiça social, por demarcação de território, pela floresta em pé, pela saúde, pela educação, para conter as mudanças climáticas e pela “Cura da Terra" Foto: FábioRodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

Após duas edições marcadas pela perseguição, falta de apoio e ameaças sofridas durante a gestão bolsonarista, a terceira Marcha das Mulheres Indígenas começa nesta segunda-feira (11), em Brasília. Desta vez, “as mulheres terra, mulheres água, mulheres biomas, mulheres espiritualidade, mulheres árvores, mulheres raízes e mulheres sementes” contam com apoio do governo federal, além de um ministério, o dos Povos Indígenas, chefiado por Sônia Guajajara (PSOL-SP). Pela primeira vez, construíram a Bancada do Cocar, que conta com a participação da deputada federal Juliana Cardoso (PT-SP).

Para a secretária nacional de mulheres do PT, Anne Moura, manauara e pertencente ao povo Mura, a realização da III Marcha das Mulheres Indígenas tem um caráter especial, pois é a primeira que acontece sob a gestão do presidente Lula. “É extremamente importante a gente ver nossas companheiras e mulheres indígenas sendo respeitadas, valorizadas e, principalmente, ouvidas. Isto mostra o compromisso da gestão do governo federal com a pauta”, afirmou Moura.

“Sabemos que o Brasil tem um débito gigantesco com a comunidade indígena, mas sabemos, também, que este é um governo comprometido com a vida e o bem viver de todas. Foi assim com a Marcha das Margaridas e acredito que assim será com esta Marcha que começa hoje. É muito importante frisar também que as mulheres indígenas estão comprometidas com a ampliação de novos nomes e quadros para a disputa nos espaços de poder e decisão. É preciso eleger mais mulheres indígenas!”

A programação do evento, que segue até quarta-feira (13), traz o tema “Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade através das raízes ancestrais”, e  inclui debates, lançamento de livros, grupos de trabalho e apresentações culturais, entre outros. O encontro é promovido pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA) e as Mulheres Biomas do Brasil.

De acordo com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), “O objetivo é conectar e reconectar a potencialidade das vozes das ancestralidades que são as sementes da terra, que compõem a rede ANMIGA, fortalecer a atuação das mulheres indígenas, debater os desafios e propor novos diálogos de incidência na política indígena do Brasil.”

A ANMIGA divulgou no site da Marcha o Manifesto das Primeiras Brasileiras: “As originárias da terra: a mãe do Brasil é indígena”. Nele, as indígenas afirmam que “estamos em muitas lutas em âmbito nacional e internacional. Somos sementes plantadas através de nossos cantos por justiça social, por demarcação de território, pela floresta em pé, pela saúde, pela educação, para conter as mudanças climáticas e pela “Cura da Terra”. Nossas vozes já romperam silêncios imputados a nós desde a invasão do nosso território.”

Segundo a ANMIGA, a população indígena do Brasil é formada por 305 povos, falantes de 274 línguas. São aproximadamente 900 mil pessoas, sendo 448 mil mulheres. A luta das mulheres indígenas é pela demarcação das terras indígenas, contra a liberação da mineração e do arrendamento dos territórios, contra a tentativa de flexibilizar o licenciamento ambiental, contra o financiamento do armamento no campo, além de enfrentar o desmonte das políticas indigenista e ambiental.

Participação do Ministério das Mulheres 

O Ministério das Mulheres estará presente na Marcha. Para isso, preparou uma agenda de atividades com a participação da ministra Cida Gonçalves, que estará presente na abertura na noite desta segunda. Além disso, ela estará presente, no dia 12, na Plenária Internacional: Mulheres água, às 9h, e no dia seguinte, participará do painel Diálogo com as ministras sobre a Carta entregue na pré-marcha: “Vozes da Ancestralidade dos 6 biomas do Brasil”.

Segundo a pasta, “As reivindicações da III Marcha das Mulheres Indígenas buscam a consolidação e o fortalecimento da presença de mulheres indígenas em diferentes espaços de representatividade”. Temas como o enfrentamento à violência de gênero e à violência política, emergências climáticas, acesso à educação e saúde, demarcação de terras, entre outros, estão entre as pautas que serão debatidas durante o encontro.”

O Ministério contará, ainda, com uma tenda entre os dias 11 e 12. Nela, o público poderá participar, às 15h, da “Roda de Diálogos LBT”, atividade realizada em parceria com Ministério dos Povos Indígenas e Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. A partir das 17h haverá o “Diálogos pela Inclusão – Políticas Públicas para Mulheres Indígenas”. Já na terça, a partir das 15h, será ministrada a Oficina – Justiça Climática e as Guardiãs do Território.

A programação completa da  III Marcha das Mulheres Indígenas pode ser conferida aqui.

Da Redação do Elas por Elas, com informações da Funai, Ministério das Mulheres, ANMIGA e Amazônia Real

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