Ignorado pela mídia, envolvimento de Aécio Neves com desvio de verbas está em análise na PGR

PGR Furnas
Foto: Gustavo Bezerra
 
“Esquecido” pela justiça e ignorado por  setores da mídia brasileira, a Lista de Furnas – esquema de desvio de verbas da Companhia Energética de Minas Gerais para abastecer as eleições do PSDB, voltou ao centro de debate. Isto porque, nesta semana, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot convidou para uma conversa os deputados federais do PT mineiro, Padre João e Adelmo Leão e o deputado estadual também de Minas Gerais, Rogério Correia. 
 
Motivou o convite de Janot o fato dos parlamentares mineiros terem protocolado na Procuradoria Geral da República (PGR), no último dia 19, um pedido para investigação do envolvimento do ex-candidato à Presidência da República, presidente do PSDB e senador Aécio Neves (PSDB-MG) no desvio de recursos de Furnas. Participaram também do encontro com o procurador, os deputados  Pedro Uczai (PT-SC) e Fernando Marroni (PT-RS). 
 
O deputado Padre João contou que a conversa com o procurador durou mais de uma hora. Segundo ele, nessa conversa, os parlamentares detalharam sobre a Lista de Furnas, apontando que, na lista, existem pessoas que receberam recursos do esquema e estão dispostas a testemunhar.  Além disso, explicou Padre João, o debate girou em torno do trabalho de investigação da procuradora Andrea Bayão. Nesse ponto, segundo o deputado, o procurador se mostrou “surpreso” sobre  as razões  desses processos se encontrarem  nos Estados do  Rio de Janeiro e de Minas Gerais.  
 
“O procurador se mostrou um pouco surpreso porque os processos  referem-se  a uma pessoa de foro privilegiado. Eu creio que ele vai solicitar que esses processos subam para a PGR porque é de competência dele”, avaliou Padre João. O petista disse ainda se sentir confiante porque, segundo ele, ficou claro que o procurador-geral da República demonstrou compreensão diante da complexidade do caso. 
 
“Então, estamos dando trilhas legais e verdadeiras para que a PGR  abra inquérito para apurar e investigar. Isso, com certeza, vai dar maior credibilidade a essa instituição que, graças a Deus, já não é a mesma de passados recentes”, frisou. 
 
O caso – O nome do tucano aparece como um dos principais envolvidos no esquema de Furnas. Segundo a lista do lobista Nilton Monteiro, autenticada pela Polícia Federal, entre os tucanos envolvidos, Aécio Neves aparece recebendo um  repasse no valor de R$ 5,5 milhões. 
 
Recentemente, o nome do senador mineiro foi excluído pelo procurador Rodrigo Janot da lista de investigados na Operação Lava-Jato, embora o pivô do esquema, o doleiro Alberto Yousseff, tenha afirmado em delação premiada que o tucano estaria envolvido no esquema. No depoimento gravado em vídeo, Yousseff afirma ter transportado para o ex-deputado pelo PP José Janene propinas pagas pela empresa Bauruense por contratos em Furnas.  
 
O doleiro disse ainda que a influência do senador tucano sobre uma diretoria de Furnas rendeu a ele pagamentos mensais entre 1994 e 2001.
 
O esquema relatado pelo doleiro foi alvo de uma denúncia realizada em 2012 pela então procuradora do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro, Andrea Bayão. À época da denúncia, a procuradora já havia acumulado provas que apontavam para a abertura de um inquérito.
 
Desarquivamento – De acordo com os parlamentares do PT, o senador tucano deve ser incluído nas investigações da Operação Lava Jato uma vez que já existem “provas suficientes” para a abertura de inquérito. O entendimento dos parlamentares petistas é reforçado pelo Sindicato dos Advogados de São Paulo, que também solicitou à PGR o desarquivamento do pedido de investigação contra Aécio Neves. 
 
Benildes Rodrigues 

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