Produtos como feijão quebrado, “pontas de frios”, soro de leite e carcaça e pele de frango se tornam comuns nos supermercados;
O absurdo preço dos alimentos tem roubado a dignidade dos brasileiros na hora de se alimentar. Matéria publicada nesta quarta-feira (13) pela Folha de S. Paulo mostra que, diante da incapacidade das pessoas de comprar produtos como leite, frios, feijão e frango, supermercados estão vendendo alternativas com menor valor nutricional ou até mesmo sobras.
No Capão Redondo, zona sul de São Paulo, por exemplo, um mercado está vendendo o “feijão fora do tipo”, composto por 70% de grãos inteiros e 30% de grãos partidos. E, mesmo assim, o produto sai caro: R$ 8,48 o quilo, apenas R$ 1,50 a menos que o pacote tradicional. Na mesma loja, bandejas com “pontas de frios”, ou seja, pedaços de restos de queijo, são oferecidas na promoção.
Colocar à venda restos de comida, que geralmente iam para o lixo, tem se tornado cada vez mais comum. “Aqui perto de casa que já conhecem a gente, pegamos restos de carcaça, de frango, de gordura, quando dão, mas tá muito difícil de dar também, porque agora tudo eles colocam para vender”, contou à Folha Josefa da Silva, moradora de Osasco.
O que ela diz pode ser facilmente comprovado nas prateleiras dos supermercados, onde se tornou comum ver carcaça e pele de frango à venda. Assim, até esses produtos ficam inacessíveis para muitos trabalhadores. “Para te falar a verdade, nem carcaça tô podendo comprar, porque não tá sobrando nem para isso”, disse Ionara Jesus, moradora da cidade de São Paulo.
Soro de leite
Cada vez mais caro, o leite é outro produto que tem sido substituído por uma alternativa nem um pouco adequada. Em Guarulhos (SP), onde o litro já chega a R$ 10, um supermercado tem oferecido o soro de leite, que nada mais é que a sobra do leite utilizado na produção de queijos e sai por R$ 7.
Especialistas explicam que, além de o gosto não ser o mesmo, o valor nutricional também é alterado. “Como o soro de leite é um subproduto, em comparação com o leite ele acaba tendo menos proteína, menos gorduras totais e menos cálcio”, explicou ao jornal a nutricionista Ana Cláudia Mazzonetto.
Em entrevista recente ao site do PT, o deputado federal e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT-SP) alertou que a falta de leite na casa das famílias brasileiras deve gerar uma onda de desnutrição no país.
Já especialistas ouvidos pela Folha alertam que a substituição de produtos tradicionais por alternativas menos saudáveis trará também obesidade, hipertensão, diabetes mellitus e dislipidemia em maior porcentagem.
Bolsonaro promoveu a fome
Essa situação é o preço que os brasileiros pagam pelo desmonte completo das políticas de combate à fome implementados por Lula e Dilma Rousseff e que tiraram o Brasil do Mapa da Fome em 2014.
Nos governo do PT, uma série de ações combinadas garantia comida de qualidade no prato da população: valorização do salário mínimo, geração de empregos, Bolsa Família, estímulo da agricultura familiar, controle do preço do diesel para baratear o frete, reforço da merenda escolar, estocagem de alimentos.
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Tudo isso foi desmontado por Bolsonaro, que não se preocupou com a segurança alimentar dos brasileiros e levou o Brasil de volta ao Mapa da Fome, como confirmou a ONU na semana passada.
Redação da Agência PT