Dedicação, abnegação e resistência traduzem a importância da Vigília Lula livre nos mais de 365 dias em que a elite que veste toga, fraques e fardas aprisionou Luiz Inácio Lula da Silva. Relatos embargados de emoção de mulheres que cavam essa trincheira de resistência revelam como é manter viva a vigília que se tornou símbolo nacional e internacional pela liberdade do presidente Lula. Conheça as histórias de Cilene Antoniolli, Denise Veiga e Isa Godoy que se cruzam e se completam por Lula livre, em Curitiba.
“Isso tudo é um desafio, é um grande aprendizado que a gente vai levar para sempre. Quem está aqui, com toda a emoção que a gente vive todos os dias, é uma lição que vamos levar para sempre para família, amigos, sociedade e para a história”, enfatizou Cilene Antoniolli, assessora da direção Nacional do Partido dos Trabalhadores designada pelo partido para compor a coordenação da Vigília Lula livre.
Rainha da Tropa da Esperança como é conhecida e reconhecida – carinhosamente – pelo papel desempenhado como coordenadora de logística da Caravana Lula pelo Brasil, em 2017 e 2018, Cilene, juntamente com representantes do MST, CUT e MAB, montaram a Vigília no bairro Santa Cândida, em Curitiba, próximo à Superintendência da Polícia Federal.
Ela relata que além de montar a vigília, as companheiras e companheiros têm a tarefa de trazer caravanas, de atender as pessoas que querem visitar o presidente, que querem saber notícias da saúde dele, de saber como ele está emocionalmente, de querer entender todo o processo.
“Para nós é difícil explicar de onde vem a força extraordinária desse homem que, hoje, com 73 anos, perde irmão, perde o neto e não poder ter acesso diário aos amigos e à família… Não tem explicação. Mas a gente sente que todos temos de ser fortes como ele”, constatou Cilene.
Lição
Cilene conta que uma das grandes lições que tirou nesses mais de um ano de prisão do presidente Lula, foi ter aprendido a dialogar. “O que resumo da minha permanência aqui foi aprender a dialogar com todo mundo. Lidar com as adversidades, com as opiniões contrárias e, todo dia, a gente ensina um pouco do que seria o presidente Lula. A gente precisa dizer não, mas dizer um não com carinho, explicando às pessoas que chegam querendo notícia, querendo visitá-lo, o porquê do não ou o porquê do sim”, observou a petista.
“Então, não ter mais ele aqui fora para cuidar da forma como cuidamos dele na caravana, também nos deixa com o coração partido, mas sabendo que estou aqui pertinho, cuidando dele e das pessoas próximas a ele é o que nos dá sentido em resistir e aguentar esse tempo todo aqui”, concluiu Cilene.
Comunicação Lula Livre
A jornalista gaúcha Denise Veiga é uma dessas mulheres aguerridas que não dá mole ao acaso. Foi assim que ela relatou os seus 365 dias de luta por Lula livre em Curitiba. Uma das coordenadoras da comunicação da vigília, Denise é a responsável em dar visibilidade às ações cotidianas da resistência por Lula livre.
“No dia 21 de abril foi quando me deram a página da vigília para administrar. Ela tinha 2,8 mil curtidas. Hoje ela está com 28 mil. Eu faço o trabalho de acompanhamento do bom dia, boa tarde e boa noite, faço fotos das rodas de conversa. Eu não arredei o pé daqui até as eleições que só fui em casa para votar e voltei. Depois disso fui à formatura de minha filha. Fora isso, estou nestes 365 dias”, relatou orgulhosa.
Denise conta que quando soube da prisão do presidente Lula, ela foi uma das primeiras pessoas que chegou em Santa Cândida, no espaço, mais tarde, denominado Praça Olga Benário. “Na hora das bombas eu estava fotografando e estava com um vestido comprido. Tropecei no vestido, cai, fui pisoteada, uma pessoa me levantou. Foi horrível. Eu tinha que voltar para casa aí eu pensei: alguém me inclui que quero fazer parte da equipe de comunicação porque tenho que contribuir porque eu acredito nesse projeto. Faço isso porque acredito não apenas na pessoa Lula, mas no que ele representa, de fato, ao povo brasileiro”, apontou.
Acolhimento
Para Denise tocar o barco da resistência em Curitiba é uma tarefa que além da abnegação, requer carinho, paciência, amor e empatia. Ela disse que o que a deixa bastante emocionada é que, para ela, não existe diferença entre um juiz e um não juiz, como muitos que já passaram pela vigília. “O acolhimento é o mesmo. A gente acolhe todos com carinho porque, além do trabalho da comunicação, a gente tem um diálogo bem popular, bem simples, um acolhimento, um abraço, e todos percebem o carinho que temos por eles e o carinho que eles têm pela gente. Isso emociona”, relatou.
Amigos para sempre
Isa Godoy é amiga de longa data do presidente Lula, irmã do vereador petista de Belo Horizonte, Arnoldo Godoy, que já labutaram juntos para a construção do Partido dos Trabalhadores. Desde que Lula se entregou à justiça, no último dia 7 de abril, Isa não arredou o pé da Vigília Lula Livre. Ela se divide entre Belo Horizonte e Curitiba todos os meses.
Dona de uma voz vibrante, Isa ajuda a alegrar as manhãs e tardes da vigília, cantando, em parceria com Silvestre Voidela, as músicas preferidas do presidente Lula. Outro talento da mineira são os pontos cruz usados nos bordados que ela confecciona e ensina para passar o tempo e aliviar o estresse provocado pela injustiça que atinge o presidente Lula. “Assim como eu, o povo que o Lula tem e que o ama, foi roubado quando tiraram a presença dele nos foi tirada de forma arbitrária e injusta”, disse emocionada a amiga do presidente Lula.
A impressão que fica para Isa Godoy nesses longos 365 dias “é que desde o dia 7 de abril até hoje, a energia, a esperança, a vontade de lutar pela liberdade do Lula não mudou, ela aumenta cada dia mais, embora com tristeza profunda que é marca deixada por tanta injustiça cometida de lá para cá”.
Benildes Rodrigues
Fotos: Denise Veiga e Arquivo