“Não queremos esperar para discutir os vários problemas da Região Norte”, declarou o ex-prefeito e candidato à Presidência em 2018, Fernando Haddad, em entrevista à rádio ‘Band News’ do Amazonas, nesta segunda-feira (1º). Haddad lamentou a situação dramática do estado, jogado à própria sorte por Bolsonaro. “É questão sanitária, ambiental, fábricas sendo fechadas na Zona Franca de Manaus… Qual foi a fábrica que fechou durante os nossos governos?”, questionou o petista, em referência ao anúncio da Sony de que vai encerrar atividades no país.
Em entrevista à rádio Band News do Amazonas, nessa segunda-feira (1º), o ex-prefeito e candidato à Presidência em 2018, Fernando Haddad, defendeu que não se pode esperar o ano eleitoral para discutir um projeto de recuperação nacional. Ele considera que o Brasil “merece” um projeto para reencontrar sua cidadania. Haddad lamentou a situação dramática do Amazonas, jogado à própria sorte pelo governo federal, não apenas no âmbito sanitário, mas também no social e no econômico. O petista fez referência direta aos fechamento de fábricas, a exemplo da multinacional Sony, que acaba de anunciar o fim das vendas de produtos das divisões de TV, áudio e câmeras no país.
“Não queremos esperar para discutir os vários problemas da Região Norte”, declarou Haddad. “Questão sanitária, ambiental, fábricas sendo fechadas na Zona Franca de Manaus… Qual foi a fábrica que fechou durante os nossos governos? Qual foi o projeto que ficou na gaveta? Ao contrário, a Região teve um surto de desenvolvimento espetacular governo Lula. A Dilma estendeu por 60 anos os incentivos fiscais”, lembrou o ex-ministro da Educação.
“Tudo caminhava bem até a eleição de 2014, quando Aécio Neves não aceitou o resultado e jogou o país na crise, em aliança com Eduardo Cunha e Michel Temer, levou Bolsonaro ao poder e agora é esse desmonte a que estamos assistindo”, afirmou Haddad. Ele teceu duras críticas ao desastre do governo Bolsonaro, sobretudo na condução da pandemia de Covid-19, que segue matando mais de mil brasileiros todos os dias.
“Com muito pesar, o número de mortes ainda vai subir em função do descaso do governo Bolsonaro, tanto com as medidas preventivas quanto com a vacinação, que está muito atrasada”, apontou. Ele também condenou a estratégia do presidente de estrangular estados e municípios com o fechamento de leitos de UTI e atrasos no repasse de verbas emergenciais.
“Os governadores estão tentando salvar o país. O prefeito da cidade de Manaus, diante da letargia do governo Bolsonaro, está colocando dinheiro da prefeitura para comprar vacina. Por que? Porque não tem presidente. Quando um presidente precisou, na história do país, da ajuda de um prefeito para comprar vacina?”, questionou.
Leitos fechados
Haddad denunciou o fechamento de 10 mil leitos pelo governo federal. “São 10 mil pessoas que vão morrer por falta de leitos porque ele mandou fechar”, reagiu, classificando o ministro da Saúde Eduardo Pazuello como um covarde. “Ele nem deveria ter assumido o ministério, não conhece o SUS, não sabe onde fica o Amapá, por exemplo… Outro dia, ele disse que a Região Nordeste ficava no Hemisfério Norte. Demonstra uma incapacidade total para estar à frente do ministério”.
“Enquanto isso, o povo morre, sem auxílio, sem oxigênio, sem vacina. A única coisa que ele teve a indecência de mandar para o Amazonas foi cloroquina”, acusou. “Está tudo errado. No meio ambiente, na saúde, na educação. Você praticamente não tem um único ministro com conhecimento de causa à frente das pastas”, ressaltou Haddad.
Lava jato
Fernando Haddad também comentou o desmonte da Operação Lava Jato, cujas escandalosas revelações sobre a atuação ilegal de Sergio Moro ganharam destaque na imprensa estrangeira. Ele citou reportagem do prestigiado diário americano The New York Times, que destacou o melancólico fim da operação.
“Moro usou a Lava Jato de escada para fazer carreira política”, frisou, apontando as mentiras inventadas por Sergio Moro para incriminar e prender Lula de modo inescrupuloso. “É uma vergonha, espero que ele [Moro] pague pelos erros que cometeu”, observou Haddad.
Eleições
O petista rebateu críticas de que o PT estaria se antecipando às eleições presidenciais de 2022. Ele lembrou que o partido apresentou um projeto de reconstrução nacional por entender que não é possível esperar as eleições para debater os problemas do Brasil com a sociedade. “Somos um dos poucos partidos que trabalhou intensamente em 2020, com mais de 500 professores, especialistas, gestores e intelectuais para apresentar um plano de recuperação ao país”, reiterou.
“Marina foi candidata várias vezes a presidente e nunca foi questionada, nunca ninguém lhe negou direito de se apresentar como candidata. O Ciro é candidato desde 1998″, disse, lembrando que “todos têm direito” de defender nomes e apresentar projetos ao país.
Haddad negou que haja uma divisão da esquerda. “Não há fragmentação, a direita tem Ciro, o Moro, o Mandetta, o Huck, o Dória… qual o problema? Tem um ano e meio pra discutir. Não faz sentido querer inibir uma pessoa de se apresentar, de conversar com a sociedade”, afirmou Haddad.
Na avaliação do petista, para derrotar Bolsonaro, deve haver um pacto de todos os candidatos que defendam a democracia no segundo turno, principalmente porque há o risco de Bolsonaro não aceitar uma derrota. “Esse pacto não foi feito em 2018, cada um foi para um lado e deixou Bolsonaro ganhar. Não dá pra ser assim”, criticou Haddad.
Ele anunciou que irá continuar a rodar o país para discutir soluções para a crise, respeitando todos os protocolos de segurança sanitária. “Estamos com cautela, conversando com autoridades sanitárias antes de qualquer deslocamento. A cada viagem, faço testagem”, explicou.
PT Nacional