Gurgel pedirá ao STF inquérito sobre denúncias contra Demóstenes

praciano2703O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, anunciou hoje (27) a parlamentares da Frente de Combate à Corrupção que enviará ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de abertura de inquérito para apurar a relação do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e parlamentares com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

O inquérito deve apurar a ligação do bicheiro com parlamentares que aparecem nas interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal com autorização da Justiça durante a realização da Operação Monte Carlo.

A Polícia Federal indiciou há duas semanas Carlinhos Cachoeira e mais 81 pessoas por envolvimento no esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e exploração de máquinas caça-níqueis, desmantelada pela Operação Monte Carlo. O relatório final do inquérito foi remetido à Justiça, que aguardará parecer do Ministério Público Federal sobre o oferecimento de denúncia contra os acusados. A operação levou à prisão 35 pessoas, entre elas, Cachoeira.

Integrantes da Frente, liderados por seu presidente, o deputado Francisco Praciano (PT-AM), estiveram nesta terça-feira (27) na Procuradoria Geral da República (PGR) para exigir celeridade na investigação do caso. A primeira iniciativa junto à PGR foi tomada semana passada pelos líderes do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), e no Senado, Walter Pinheiro (BA), juntamente com a líder do PSB no Senado, Lídice da Mata: eles protocolaram representação pedindo “investigação para averiguar se há indícios de conduta ilícita de membros do Congresso Nacional, que, em tese, poderiam configurar delito sujeito a investigação no âmbito do Supremo Tribunal Federal”.

Na reunião de hoje da Frente contra a Corrupção com Gurgel, foi entregue um documento solicitando a máxima urgência para abertura de inquérito sobre o esquema de contravenção em Goiás, que aponta Demóstenes como um dos principais envolvidos.

O documento, assinado por Praciano e outros parlamentares, afirma que há elementos para que o Ministério Público defina sobre a abertura de inquérito junto ao STF. Os parlamentares lembraram que há dois anos e meio foi encaminhada ampla documentação à PGR, a partir de investigação da Policia Federal, mostrando o envolvimento de Demóstenes com o esquema do jogo do bicho. Essa investigação foi reforçada agora pela operação Monte Carlo.

No entendimento dos membros da Frente, a cobrança se faz necessária, já que o material que foi entregue pela Polícia Federal e que contém indícios robustos de tráfico de influência e favores, informações privilegiadas e generosas ofertas em dinheiro e bens para autoridades públicas está parado há mais de dois anos na Procuradoria.

Na Câmara, o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) protocolou na semana passada requerimento com pedido de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o envolvimento de Cachoeira com integrantes do Congresso. Assinaram o documento 208 deputados– 37 a mais do que o número necessário para abertura das investigações. Após a verificação dos apoiamentos, caberá ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), avaliar se o colegiado deve ser criado.

Histórico – As provas e indícios de envolvimento do senador Demóstenes Torres com o esquema de Cachoeira são cada vez mais claras e consistentes, conforme tem mostrado a imprensa. Ele aparece em interceptações feitas pela Polícia Federal pedindo a Cachoeira que pague uma despesa dele com táxi-aéreo no valor de R$3 mil. Em outra gravação, segundo informações dos investigadores da PF, o senador fez “confidências” ao bicheiro Cachoeira sobre o resultado de reuniões reservadas que teve com autoridades do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. O site da revista Carta Capital divulgou que , mais do que isto, o senador seria um dos sócios dos negócios de Cachoeira. Citando inquérito da Polícia Federal, a revista afirma que Demóstenes receberia 30% do faturamento do esquema de jogos de azar de Cachoeira.

O relatório da PF revela ainda que, desde 2009, Demóstenes usava um rádio Nextel (tipo de telefone) habilitado nos Estados Unidos para manter conversas secretas com Cachoeira. Segundo a polícia, os contatos entre os dois eram “frequentes”. O bicheiro também deu de presente de casamento a Demóstenes uma geladeira e um fogão importados, no valor de aproximadamente R$ 50 mil.

Equipe Informes, com assessoria parlamentar

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